Folha de SP, 27/05/2008
Na lista das 4.830 escolas de São Paulo avaliadas pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no ano passado, a melhor da rede estadual regular -ou seja, não-técnica- não passa da 913ª posição.
A escola mais bem colocada ligada à Secretaria de Educação é a Professor Angelo Martino, em Ibitinga (347 km de SP), que está atrás de 849 particulares, 62 técnicas públicas (57 estaduais, 3 federais e 2 municipais) e da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, ligada à USP e que figura na modesta 824ª colocação.
A Folha teve acesso a uma planilha com as notas e a colocação de cada escola de São Paulo no Enem. Os colégios estaduais correspondem a 71% do universo avaliado. Dezenove pontos, numa escala de 0 a 100, separam o melhor particular no exame, o Vértice (81,67), da Angelo Martino (62,46) -a Escola de Aplicação da USP teve 63,4.
A diferença entre ela e a pior estadual -a Shiguetoshi Yoshihara, em Presidente Epitácio (655 km de SP)- é de quase um terço da prova, ou 28 pontos.
Foi considerada a média da redação e das questões de múltipla escolha, com a aplicação de um fator de correção -fórmula matemática para evitar que escolas com menor número de alunos que fizeram Enem tenham a nota distorcida.
Os resultados das escolas paulistas no exame mostram ainda, mais uma vez, o abismo entre a rede pública e a particular. Nenhum colégio estadual regular alcançou a média da rede privada (64,1) e 71% tiveram média no exame menor do que 50% -entre os particulares, o índice foi de 0,6%.
Mesmo na rede pública, o desempenho é desigual. Metade das escolas do Estado não alcançou a média nacional da rede pública, de 48,081 pontos.
Na avaliação do presidente do Inep (instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Educação), Reynaldo Fernandes, o Enem não avalia a qualidade da escola, mas o desempenho dos alunos, que, disse ele, depende também do contexto socioeconômico. "Se você pegar a melhor escola privada e colocar os alunos da periferia, o desempenho será diferente. A comparação deve ser feita entre escolas com público semelhante."
Para Jorge Werthein, diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, um dos fatores para o mau desempenho é o aumento do número de matrículas no Estado na última década, que levou à escola parcela da população que estava fora.
Para Carlos Ramiro, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais), não se pode ver os resultados como um "embate" entre a rede pública e a particular. Ele cita como prova o bom desempenho obtido pelos colégios técnicos.
sábado, 31 de maio de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário