domingo, 11 de maio de 2008

Entenda o caso envolvendo os cartões corporativos do governo

28/03/2008 - 09h24
da Folha Online
Os cartões de crédito corporativos do governo federal, indicados para gastos como a compra de material, prestação de serviços e diárias de servidores em viagens, foram usados em 2007 para pagar despesas em loja de instrumentos musicais, veterinária, óticas, choperias, joalherias e em free shop, segundo reportagem da Folha publicada no dia 23 de janeiro.
Os cartões, criados em agosto de 2001, no governo Fernando Henrique Cardoso, são distribuídos a pessoas que ocupam postos-chave da administração pública e que fazem pagamentos de urgência --pela compra de algum produto ou serviço ou cobertura de gastos de viagens não-programadas.
No dia 1º de fevereiro, o desgaste provocado pela denúncia de irregularidades no uso do cartão corporativo derrubou a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Ela decidiu deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após ser acusada de usar irregularmente o cartão. Em 2007, as despesas de Matilde com o cartão somaram R$ 171 mil. Desse total, ela gastou R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5.000 em restaurantes.
Um dos gastos considerados suspeitos foi o pagamento de uma conta de R$ 461,16 em um free shop.
Com a crise envolvendo os cartões, novas denúncias foram aparecendo, entre elas as de que um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Lula, gastou quase R$ 55 mil nos últimos nove meses usando o cartão; as agências reguladoras gastaram mais de R$ 1 milhão nos cartões em 2007; e ao menos dois seguranças da equipe que protege a família do presidente em São Bernardo do Campo (ABC paulista) gastaram nos últimos três anos R$ 149,2 mil com os cartões.
As denúncias de irregularidades na utilização dos cartões corporativos fizeram o Congresso instalar uma CPI mista para investigar o caso desde o período de governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
No final de semana de 22 e 23 de março, reportagem publicada pela revista "Veja" revelou que o Palácio do Planalto montou um dossiê que detalha gastos da família de FHC. Os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. A Casa Civil negou a existência do dossiê sobre os gastos de FHC.
Segundo a revista, o governo teria reunido dados sobre gastos de FHC, da primeira-dama Ruth Cardoso e de assessores por meio de contas tipo B em 1998, 2000 e 2001. Haveria insinuações sobre o desvio de recursos públicos para a campanha que reelegeu FHC em 1998. À "Veja", FHC classificou o dossiê de "uma chantagem feita a partir do Palácio do Planalto".
Em 28 de março, a Folha publicou uma reportagem revelando que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, braço-direito da ministra Dilma Rousseff, deu a ordem para a organização do dossiê.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u386659.shtml

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