sábado, 31 de maio de 2008

Fusão - A venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil serve a Serra e ao governo Lula

Interesses recíprocos
30/05/2008 14:53:54
A pouco mais de dois anos do fim do mandato, e também das próximas eleições presidenciais, o governador de São Paulo, José Serra, encontrou um novo modo de reforçar o caixa do estado e deixar a marca de sua administração na forma de obras de infra-estrutura, após a fracassada tentativa de privatização da Cesp, geradora de energia. A possível venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil, cuja negociação está em andamento, pode render mais de 6 bilhões de reais aos cofres estaduais, de acordo com a avaliação de especialistas. De quebra, o tucano escaparia do estigma de privatista, que aterroriza os tucanos.

Serra sustenta que o negócio só será fechado se considerar satisfatórias a quantia e as condições oferecidas pelo Banco do Brasil. “Não se pode dar de barato que a Nossa Caixa vai ser vendida. Depende da proposta”, disse. Há quem veja no argumento uma maneira de deixar uma fresta aberta para a realização do leilão, como querem os maiores bancos privados do País, que reclamaram da negociação. Como se sabe, nenhum candidato a presidente do Brasil pode cometer a loucura de entrar em conflito com o sistema financeiro. O governador nega, ainda, que a licenças da Cesp tenham sido postas na mesa de negociação. “Isso é especulação”, afirmou.

O valor de mercado da Nossa Caixa, calculado pela consultoria Economática com base na cotação das ações da instituição, ao preço de quarta-feira 28, chegaria a 4,135 bilhões de reais. Outra estimativa feita, a pedido de CartaCapital, pela Austin Rating, elevou a cifra para até 9 bilhões de reais, ao considerar também fatores como capitalização, endividamento e papéis preferenciais da empresa. O preço pode parecer alto, se comparado com os 7 bilhões que o espanhol Santander se dispôs a pagar pelo Banespa, em 2000, mas leva em conta o balanço mais saudável do último banco em poder do estado de São Paulo.

Se a compra for fechada, será o segundo episódio recente em que a Nossa Caixa dará um reforço decisivo às contas paulistas. Em março de 2007, o banco anunciou o desembolso de 2,1 bilhões de reais para manter a prerrogativa de administrar as contas do funcionalismo público estadual. A avaliação dos agentes de mercado foi de que o preço pago era alto demais, devido à interferência do governo, dono de 71% das ações da instituição. Os papéis despencaram mais de 30% nos dias seguintes à divulgação da notícia. O valor de mercado da instituição, à época, chegou a cair para 3,3 bilhões de reais.

Para o analista da Austin, Luis Miguel Santacreu, os resultados positivos da Nossa Caixa dão a impressão de que o governador está disposto a matar uma galinha que põe ovos de ouro, mas com uma ressalva: “Serra tomou o cuidado de recheá-la bastante antes do sacrifício”. Diante da possibilidade de transferência de controle da instituição, os investidores colocaram na ponta do lápis a rentabilidade das contas de mais de 1 milhão de servidores estaduais, além das prerrogativas de administrar 16 bilhões de reais em depósitos judiciais e de oferecer crédito consignado ao funcionalismo.

Desde a publicação do fato relevante sobre a possível venda ao Banco do Brasil, no dia 21 de maio, a valorização dos papéis da Nossa Caixa chegou a 45%. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) investiga o fato de o movimento de alta ter começado ao menos três dias antes, quando as ações do banco registraram movimentação superior à média. Apesar de ter ultrapassado os 40 reais por ação ordinária na quinta-feira 29, a cotação ainda está distante do pico de 50 reais, registrado em dezembro de 2006.

Embora se trate de uma transação entre dois entes públicos, o mercado avalia que a estrutura do Banco do Brasil tem um perfil mais profissional e menos político que o da Nossa Caixa. “A governança corporativa tende a melhorar”, diz o diretor da corretora Infinity Asset, em Curitiba, André Paes. Ele avalia que, mesmo se a instituição federal preservar as agências e incorporar os funcionários do banco paulista à própria folha de pagamento, a chance de pular do quarto ao primeiro lugar entre os bancos que atuam no estado justifica a operação. “A compra também estaria alinhada à estratégia de expansão do Banco do Brasil, que decidiu dar uma resposta ao avanço dos concorrentes privados”, acrescenta.

No ano passado, o banco federal, que ocupa hoje a primeira posição no ranking do sistema financeiro brasileiro adquiriu o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), ainda em fase de incorporação, e também iniciou a negociação para adquirir o Banco de Brasília (BRB). A instituição ficou de fora da rodada de venda dos maiores bancos estaduais, que permitiu a entrada do Santander no País e o crescimento do Itaú e do Bradesco.

Do ponto de vista da concentração bancária, a compra da Nossa Caixa pelo BB fará pouca diferença. Segundo dados do Banco Central, as dez maiores instituições do País detêm 70,65% do total de ativos do sistema financeiro. Se a incorporação for adiante, o índice subirá para 72,50%.

Mesmo assim, a arrancada do Banco do Brasil começa a preocupar os bancos privados, que brigam, nos bastidores, para que o governo de São Paulo ofereça a Nossa Caixa em leilão aberto. “É importante que essa movimentação (a venda do banco paulista) aumente o nível de concorrência dentro das regras do livre mercado”, declarou à imprensa o presidente da Febraban e do ABN Amro, Fábio Barbosa. Depois da manifestação do representante dos bancos, começou também a vir a público uma série de pareceres de juristas renomados, a sustentar a tese de que não há inconveniente para a venda do banco público em pregão. Peças jurídicas dessa natureza dificilmente são produzidas por preços inferiores a algumas centenas de milhares de reais.

Para o advogado Ivo Waisberg, do escritório Wald Associados, a dispensa de licitação no caso da venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil é um tema controverso, mas que deverá enfrentar pouca resistência nos tribunais. “A lógica econômica diz que um leilão tende a ser mais rentável e transparente. Do ponto de vista político, porém, a alienação para um órgão público desperta menos resistência de setores da sociedade”, analisa. “Em tese, qualquer um pode apresentar argumentos e tentar barrar a negociação. Só que os sindicatos, por exemplo, correriam o risco de ver o banco ser vendido a um concorrente privado.”

Tanto as entidades que representam os bancários quanto os parlamentares da base petista na Assembléia Legislativa de São Paulo se mostram favoráveis à negociação direta com o Banco do Brasil. Mas exigem que a totalidade dos funcionários seja incorporada pela instituição federal. Santacreu, da Austin Rating, lembra que o ex-governador Geraldo Alckmin não conseguiu sequer vender participações minoritárias no banco, devido às resistências dos mesmos setores que agora apóiam a negociação com o Banco do Brasil.

De concreto, por enquanto, há o trabalho dos técnicos da instituição federal que estão em São Paulo, assessorados por profissionais da consultoria Booz Allen Hamilton, mergulhados nos números do banco paulista, sob acordo de confidencialidade. Para o lado da Nossa Caixa, foram contratados especialistas do Banco Fator. É do consenso entre esses dois grupos sobre o valor a ser desembolsado pelo Banco do Brasil que depende, por enquanto, não só o sucesso da negociação, mas também a disponibilidade de recursos de Serra nos últimos anos de governo.
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=7&i=1035

Confrontos na África do Sul não são xenófobos, diz especialista

31/05/2008 - 12h42
A violência de sul-africanos contra imigrantes de outras partes da África --que teve início em 16 de maio e deixou ao menos 56 mortos-- não pode ser considerada xenofobia, na opinião da professora Leila Leite Hernandez, livre-docente em História da África e professora da faculdade de História da USP (Universidade de São Paulo).
"Não dá para atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbábue, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul", disse Hernandez, que também é autora do livro "A África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea", em entrevista à Folha Online.

África do Sul
Para a professora, a questão envolve motivos econômicos, trabalhistas, sociais e políticos. "Os migrantes procuram melhores condições de vida", diz.
Segundo Hernandez, os imigrantes de outras partes da África vão para a África do Sul em busca de trabalho, fixam-se nos arredores de Johannesburgo e acabam lançados à economia informal. Porém, o contingente migratório interno da África do Sul --que vai do campo para a cidade-- se estabelece no mesmo local e não há empregos para todos. Como a mão-de-obra estrangeira é ainda mais barata que a local, os sul-africanos são prejudicados.
"O problema é que o surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários", explica ela.

Leia a íntegra da entrevista com Hernandez:
Folha Online - Quando os zimbabuanos e moçambicanos começaram a migrar para a África do Sul?
Leila Leite Hernandez - A ida deles já vem de muitos séculos. Há deslocamentos nessa região desde antes do século 19, que são próprios dos povos dessa parte meridional da África. Esses deslocamentos se acentuam sobretudo com os trabalhadores de Moçambique -que ainda não eram moçambicanos porque o país não era independente-- a partir da descoberta das minas de ouro e diamante na África do Sul, que são próximas a essa área onde é o conflito hoje.

Folha Online - Qual o motivo dessa migração?
Hernandez - Trabalho. A migração ocorre sempre que há problemas internos nos países com o mercado de trabalho. Sempre que há um deslocamento é porque as pessoas se sentem forçadas, ou são forçadas por políticas de governo. Elas se sentem extremamente descontentes com as condições de vida e saem em busca de outras oportunidades de trabalho e sobrevivência. Isso ocorre em todos os lugares, mas hoje está mais voltado para a África em razão das condições locais. O surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários.
Além disso, hoje nós temos um Zimbábue extremamente empobrecido, com uma inflação de 165 mil % e uma situação econômica bastante complicada. É um país que sofre de um problema político sério, que tem como marco o processo eleitoral deste ano, com perseguições a quem se opõe ao governo de [Robert] Mugabe.

Folha Online - A violência contra os imigrantes já existia desde o início dos deslocamentos dos africanos?
Hernandez - Não. Esses conflitos são recentes e tem a ver com um conjunto de circunstâncias. Existe um encarecimento dos produtos básicos de alimentação e o processo de mundialização em curso acentua as desigualdades. As regiões que já são mais empobrecidas e que já tem questões alimentares sérias acabam tendo mais desafios pela própria sobrevivência.

Folha Online - Por que os migrantes do continente africano vão para a África do Sul?
Hernandez - Porque é o país mais rico dessa região meridional. Portanto, os migrantes procuram melhores condições de vida. Eu nem diria melhores, mas 'menos ruins'. Então, eles avançam em direção a periferia de Johannesburgo, onde vão tentar, sobretudo, empregos na economia informal.

Folha Online - Quando os fluxos migratórios recomeçaram e tiveram seu ápice?
Hernandez - Na verdade, há um deslocamento de baixa intensidade contínuo, mas eles se intensificaram no final de 2007, quando começou o processo eleitoral no Zimbábue. Foi na mesma época que a inflação atingiu os níveis mais altos registrados até hoje. Não dá para a gente entender como uma pessoa compra seis pãezinhos com 165 mil% de inflação (...) É uma situação de miséria muito grande. A mão-de-obra muito pobre migra para sobreviver e, evidentemente, não há empregos para todos.

Folha Online - Por que iniciaram os conflitos? Já que a imigração sempre ocorreu pacificamente...
Hernandez - Temos uma conjuntura internacional entre Zimbábue, Zâmbia, Moçambique e África do Sul. E temos também as questões internas a cada um desses países. A Zâmbia, assim como o Zimbábue, tem problemas seríssimos. Em Moçambique a situação é um pouco melhor, mas também há problemas. Todos esses países tem uma concentração precária de distribuição de renda. A situação também tem a ver com problemas internos à África do Sul. O país é a economia com os melhores índices da África meridional, mas tem por volta de 30% de desemprego, o que é elevado.
Em torno de Johannesburgo existiam as cidades para os negros viverem durante o apartheid, precárias em termos de energia elétrica, saneamento básico, saúde e educação. Já são locais com grande acúmulo urbano e ainda recebem os imigrantes. A África do Sul também tem uma das maiores taxas de migração do campo para a cidade. E essa população fica nas proximidades de Johannesburgo, com uma vida extremamente precária.
A mão-de-obra estrangeira que se desloca também para essa área compete no mercado informal com a mão-de-obra local, que já tem salários baixos. Os migrantes acabam aceitando salários ainda menores, o que fomenta sérios problemas de aceitação. Esse embate gera outro problema, pois faz com que as pessoas voltem ao seus países de origem, que não os comporta também.

Folha Online - Então, a situação é mais uma rejeição à situação do que ao estrangeiro em si?
Hernandez - Exatamente. Em cada um dos lugares na África, as questões tem respostas específicas na economia. A taxa de desemprego, a taxa de inflação, a má distribuição da renda, as doenças e epidemias, sobretudo a Aids. É uma reação local à pobreza e é evidente que essas questões são apropriadas politicamente, de forma muitas vezes banalizada, reduzida a embates entre estrangeiros, quando a questão é muito mais profunda. Envolve, por exemplo, uma política trabalhista que não dá aos trabalhadores da África do Sul nenhuma proteção, o que, aliás, é uma tendência no novo modelo de mercado atual.

Folha Online - Então, os atuais embates na África do Sul não possuem motivação étnica?
Hernandez - Não. Não dá nem para pensar em atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbábue, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul. Muitas vezes esses conflitos se revestem para uma parte da população em uma questão racial. Porque, historicamente, houve um apartheid que teve seu término nos anos 90. Mas a gente sabe que a segregação de fato, as questões econômicas, sociais e o preconceito pertencem a uma dimensão simbólica e, portanto, levam algum tempo para apresentarem uma diminuição. Então, até hoje a gente vê que nos próprios países essas questões são banalizadas como conflitos étnicos, mas os verdadeiros motivos são os econômicos e sociais.

Folha Online - A situação da África do Sul pode prejudicar o presidente no processo eleitoral?
Hernandez - O país está em um processo de eleições. A partir do momento em que o governo não consegue controlar a situação, é um problema para ele, sem dúvida nenhuma. O desemprego é uma questão própria da África do Sul. Claro que ele é influenciado pelos zimbabuanos, mas o problema é anterior. A má distribuição de renda, além do desemprego, são questões que foram postas na agenda do presidente Thabo Mbeki, mas estão sem repostas.
Mesmo após a diminuição da violência, ainda haverá muito a se fazer em relação a saúde, educação e a luz elétrica. E a gente sabe que, em ano eleitoral, a situação lembra o que fez e a oposição lembra o que não foi feito. Então, sim, esses embates podem prejudicá-lo [ao presidente Thabo Mbeki].

Folha Online - O que poderia ser feito para resolver os embates?
Hernandez - Na verdade, a questão é regional e deve ser resolvida regionalmente, a partir de uma mobilização da União Africana, de Angola, Moçambique e Zâmbia. No entanto, é um problema que também interessa às empresas que investem na África do Sul, alcançando uma dimensão ainda maior. Para dar conta disso, é necessário um esforço dos governos envolvidos, sobretudo o do Zimbábue e o da África do Sul. A questão ainda necessita de muitos programas de governo e, mesmo com vontade política, isso só deve acontecer em médio prazo.
A curto prazo, o que se pode fazer é uma ajuda internacional localizada, com alimentos e produtos básicos. Já existe uma ação internacional lá, no campo de refugiados, da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). Antes de qualquer coisa, tem que haver paz. Com uma economia de guerra não dá para se pensar em refazer o tecido social e econômico.
Atualmente, nós vemos um movimento dos meios de imprensa e da sociedade em pensar no que pode acontecer em 2010, na Copa do Mundo. O interesse chega a tal ponto que o governo local afirma que os conflitos podem prejudicar a Copa e também gerar violência. Mas é justamente o contrário, a violência não pode ficar em segundo plano. A Copa não tem importância agora.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u407405.shtml

Fumantes têm vício comparado aos dependentes de heroína

31/05/2008 - 02h01
da Folha Online
Hoje é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco. A quantidade de fumantes na cidade de São Paulo, por exemplo, reduziu nove pontos percentuais nos últimos 15 anos e passou de 33% em 1993 para 24% em 2008. Os dados são da pesquisa realizada pelo Datafolha em abril deste ano.
A equipe do videocast conversou com a diretora do Centro de Referência em Álcool Tabaco e Outras Drogas (Cratod), Luizemir Lago, para saber mais detalhes sobre as campanhas contra o tabagismo e quais são as orientações para quem quer largar o vício.

Luizemir diz que a queda no número de fumantes aconteceu, principalmente, pela divulgação da imprensa. A diretora do Cratod compara o vício em tabaco à dependência da heroína, ela afirma que a dificuldade para abandonar a droga é a mesma para os dois tipos de viciados.

A maneira mais eficaz para largar o cigarro é deixá-lo de uma só vez e não parar aos poucos, diminuindo a quantidade de maços, afirma a diretora.

Foi, exatamente, desta maneira que o agente autônomo de investimentos Horácio Leite, 44, parou de fumar há cerca de dez anos. Ele conta que decidiu abandonar o vício após o nascimento de seus filhos, por incentivo da esposa. "Resolvi de um dia para o outro e até hoje não tive recaída", afirma Horácio.

Segundo a pesquisa feita pelo Datafolha, a maior concentração dos fumantes está na faixa dos que têm de 35 anos a 44 anos (30%) e os pertencentes às camadas mais pobres da população, as chamadas C e D; com 35%. O levantamento aponta ainda que 51% dos paulistanos disseram nunca ter fumado. A maior faixa dos que disseram nunca ter experimentado o gosto do tabaco se concentra naqueles que possuem maior nível de escolaridade (60%) e os evangélicos (56%).
http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u407145.shtml

Sob pressão, China refaz manual sobre deficientes

Fsp, 30/05/2008
O manual de orientação para voluntários dos Jogos de Pequim será refeito por conter "linguagem inapropriada" ao falar sobre deficientes.

Os estereótipos usados em 20 das 200 páginas do calhamaço geraram protestos de entidades internacionais, e os organizadores do evento decidiram reescrever trechos do guia.

O texto, distribuído a 100 mil voluntários, afirmava que atletas paraolímpicos e espectadores com deficiências são um grupo especial, com personalidade e forma de pensar únicas.
Deficientes físicos eram classificados como "geralmente saudáveis mentalmente"."Mas eles podem ter personalidade incomum por causa de sua deficiência. Por exemplo, alguns são isolados, anti-sociais, introspectivos. Podem ser teimosos e controladores. E têm profundo senso de inferioridade", dizia o manual.

Deficientes visuais também eram definidos introvertidos, pessoas que raramente demonstram suas emoções.

"Há de fato um problema de linguagem que reforça conceitos que buscamos eliminar. A generalização deve ser evitada. Deficientes não são todos iguais, como pessoas sem deficiências também não são", declara Andrew Parsons, secretário geral do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB).

O dirigente, no entanto, avalia a criação do guia como um avanço. "Isso demonstra a preocupação em treinar bem as pessoas que irão atender ao público, aos atletas e aos dirigentes na China", afirma ele.

Parsons conta que, em visitas a Pequim, impressionou-se com o trabalho para tornar a cidade e as instalações acessíveis. "A Cidade Proibida ganhou modificações para acessibilidade. Os Jogos levantam esse tipo de discussão. É um legado deixado por esses eventos."

O comitê organizador da Paraolimpíada admitiu o uso de linguagem inapropriada, mas não crê em falha na concepção do guia. "Provavelmente foi por causa da diferença cultural e de erro de tradução. Mas, detectado o problema, já pedimos mudanças", diz Zhang Qiuping, diretor dos Jogos Paraolímpicos.

Segundo agências internacionais, a versão em chinês do manual contém os mesmos termos do texto em inglês.

STF libera pesquisas com células-tronco de embriões humanos

Jornal Destak, 30/05/2008
Em decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas. Por seis votos a cinco, os ministros julgaram improcedente a ação movida pela Procuradoria Geral da República, que questionava o artigo 5º da Lei de Biossegurança. Aprovada em 2005, a lei autoriza o uso de embriões considerados inviáveis à reprodução humana ou congelados há mais de três anos, em pesquisas.

Iniciado em março, o julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito. Na quarta-feira, o tema voltou à pauta, mas a sessão foi suspensa após quase 11 horas de debates, e retomada ontem sob a confusão em torno do voto do ministro Cezar Peluso (leia ao lado).

Ontem, a CNBB lamentou a decisão do STF. Em nota oficial, argumentou: “não se trata de questão religiosa, mas de promoção e defesa da vida humana, desde a fecundação, em qualquer circunstância em que esta se encontra.”

83% dos alunos têm professor insatisfeito, afirma a Unesco

Fsp, 29/05/2008
Os professores brasileiros, com exceção apenas de seus colegas uruguaios, são os mais insatisfeitos com seus salários, segundo um relatório divulgado ontem pela Unesco, no comparativo entre 11 países em desenvolvimento. No estudo, 83% dos alunos do ensino primário (equivalente, no caso brasileiro, aos quatro primeiros anos do ensino fundamental) estão em classes cujos docentes se declararam insatisfeitos com os salários.

O relatório também mostra, como já evidenciado em outros estudos da Unesco, que as taxas de repetência no ensino primário no Brasil destoam, e muito, das de outros países. No Brasil, a repetência chega a 19% dos alunos no ensino primário, mais que o dobro da verificada no segundo país com maior percentual, o Peru, com 8,8%.

O estudo da Unesco, intitulado "Um Olhar para o Interior das Escolas Primárias", faz parte do programa WEI (sigla, em inglês, de Indicadores Mundiais de Educação), que monitora a educação em países em desenvolvimento.

Duplo emprego
Sobre o alto grau de insatisfação dos professores brasileiros com seus salários, o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, destaca outro dado do relatório, que mostra que o percentual de alunos cujos professores trabalham em mais de uma escola chega a 29% no Brasil, o maior entre todos os países analisados.

Não por acaso, os outros dois países com maiores percentuais nesse quesito são Argentina e Uruguai, onde igualmente o nível de insatisfação com o salário chega a mais de 80%. "Todo mundo que trabalha sabe que uma dupla jornada afeta o desempenho. Isso tem certamente impacto em sala de aula", diz Defourny.

A professora Sandra Aparecida Martins Ferreira, 38, concorda. Ela leciona tanto na rede estadual quanto municipal na zona leste de São Paulo. As nove horas e meia de trabalho diárias lhe rendem ao final do mês R$ 2.200. "É muito pouco, considerando o desgaste que temos. Os alunos vêm cada vez mais com problemas familiares e nós não conseguimos desenvolver o que desejamos. É frustrante", diz Sandra, que dá aulas para estudantes de 1ª a 4ª séries.

Infra-estrutura
Na maioria das situações analisadas pelo estudo -como a infra-estrutura das escolas ou as condições de oferta do ensino- o Brasil se encontra perto da média dos países analisados -não foram analisados dados de países desenvolvidos.

Os brasileiros, por exemplo, não se mostraram tão insatisfeitos em relação ao número de alunos por turma, a participação dos pais de alunos na escola ou a oferta de material didático.

No caso do número de alunos por turma, por exemplo, 34% estudam em classes cujos professores demonstraram algum grau de insatisfação com a questão. A média no ensino primário brasileiro é de 27 crianças por sala de aula. A maior relação foi encontrada na Índia (51 por sala), e a menor, na Malásia (18 por sala).

Família
O estudo da Unesco também analisou algumas características familiares que normalmente interferem de forma negativa no desempenho dos estudantes.Entre os países analisados, o Brasil aparece com percentuais acima da média no caso de alunos que vivem em casas onde há menos de 25 livros disponíveis e no de famílias monoparentais, ou seja, em que há só a mãe ou o pai

O objetivo da pesquisa divulgada ontem pela Unesco foi levantar dados a respeito de escolas primárias a partir da perspectiva dos estudantes.Por essa razão, mesmo que tenham sido professores e diretores os que responderam à pesquisa, a maioria dos resultados é apresentado de acordo com a proporção de alunos que estudam em escolas com determinadas características.

Com isso, em vez de apenas apresentar o percentual, por exemplo, de professores que demonstraram alguma insatisfação com o salário, o estudo levou em conta quantos alunos estudam com professores que demonstraram-se insatisfeitos.

Com essa metodologia, corrige-se o peso de um professor satisfeito com seu salário, mas que dá aulas, por exemplo, para apenas dez alunos, enquanto outro insatisfeito pode ter em sua sala de aula 50 estudantes. O que conta, nesse exemplo, não é cada professor, mas para quantos alunos ele dá aula.

Isso pode dificultar a interpretação, mas ajuda a ter uma idéia melhor de quantos estudantes são beneficiados ou prejudicados em cada uma das características investigadas.

O representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, alerta que estão sendo comparados só 11 países com algumas características semelhantes, mas também com particularidades que os distinguem.

Anistia aponta abusos contra trabalhadores em canaviais


Jornal Destak 29/05/2008

O abuso contra os direitos humanos no setor de cana-de açúcar – base para a produção do etanol no Brasil – aparece pela primeira vez em um relatório anual da Anistia Internacional (AI), divulgado ontem em Londres, na Inglaterra.O documento cita casos de resgates feitos no país, como a retirada de 288 trabalhadores de seis plantações de cana-de-açúcar em São Paulo.A libertação de mais de mil pessoas em condições “análogas à escravidão” em uma plantação no Pará também é mencionada.
Tim Cahill, porta-voz da Anistia para o Brasil, diz reconhecer o “papel importante” que o setor tem no crescimento econômico do país.Ele destacou, porém, que isso não deve ocorrer à custa de violações de direitos humanos. “É preciso ser mais forte”, afirmou à BBC Brasil.
Segurança pública
Segundo o relatório da Anistia Internacional, a principal preocupação no Brasil continua sendo com a segurança pública.
No relatório, a organização diz que “pessoas em comunidades marginalizadas continuam a viver em meio a níveis altos de violência causados tanto por gangues criminosas quanto pela polícia”.
“direitos não estão sendo cumpridos”
A Anistia Internacional pediu aos líderes mundiais que se desculpem por seis décadas de “fracasso na defesa dos direitos humanos”. Segundo o relatório, 60 anos depois de a Declaração Universal ter sido adotada, pessoas ainda são torturadas ou maltratadas em pelo menos 81 países. Há ainda julgamentos injustos em pelo menos 54 nações e impedimento do direito de se manifestar.

Advertência nos maços de cigarro usará fotos chocantes

O número de paulistanos que fumam caiu nove pontos percentuais nos últimos 15 anos e passou de 33%, em 1993, para 24%, em 2008, conforme indica uma pesquisa realizada pelo Datafolha em abril e cujos números foram divulgados ontem.
A pesquisa mostra que hoje, na capital, a taxa de fumantes é maior entre os que têm de 35 a 44 anos (30%) e entre os que pertencem às classes D e E (35%). Entre os paulistanos que declararam já ter experimentado cigarro, 24% se classificam como ex-fumantes. Esse grupo é formado principalmente pelos que têm mais de 45 anos.

Do total da amostra, 51% disseram nunca ter fumado. A maior faixa dos que disseram nunca ter experimentado cigarro se concentra naqueles que possuem maior nível de escolaridade (60%) e entre os evangélicos (56%).

Brasil
Dados do governo apontam que, entre 1989 e 2004, o consumo per capita de cigarros no país caiu 32%. O número de fumantes também diminuiu: de 32% para 17%. O índice coloca o Brasil em situação favorável em relação a países desenvolvidos, que apresentam taxas médias de 27,4%. l


Nova campanha contra o fumo tem imagens fortes
O governo federal lançou ontem as novas imagens de advertência que estamparão os maços de cigarro. Pela primeira vez, as fotos e mensagens foram produzidas e selecionadas com base em um estudo sobre o grau de aversão que as ilustrações alcançam.

O estudo mediu a reação emocional de 212 jovens entre 18 e 24 anos, fumantes e não fumantes, de três faixas de escolaridade (ensino fundamental, médio e superior), divididos igualmente em homens e mulheres. As novas imagens foram consideradas mais fortes e aversivas, em comparação com as anteriores, aumentando o potencial de afastamento do produto.
“O nosso foco são os jovens. Nós percebemos que a indústria desenvolve estratégias para capturar essa garotada e queremos mostrar a outra face da realidade”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.


Sonda espacial Phoenix envia imagens inéditas do planeta Marte


A sonda espacial Phoenix, que pousou em Marte no domingo, enviou à Nasa as primeiras fotos da missão, que registram uma área inexplorada do planeta – a planície ártica.
A nave chegou ao extremo norte de Marte depois de viajar mais de 680 milhões de quilômetros em dez meses.
As imagens mostram o sucesso do pouso e confirmam que os painéis solares da sonda, responsáveis pela energia, se desdobraram conforme planejado pela equipe responsável pela missão, que tem entre os chefes o brasileiro Ramon de Paula.

O principal objetivo da missão é explorar o solo marciano para detectar possíveis depósitos de gelo e descobrir se o planeta seria capaz de abrigar formas de vida. A Phoenix irá usar um braço mecânico para detectar possíveis depósitos de gelo a até dez centímetros de profundidade. “É possível que, havendo gelo, esse contenha materiais orgânicos e que esses materiais possam provir de alguma espécie de vida que tenha existido anteriormente”, disse de Paula à BBC Brasil. Não há previsão de quanto tempo a missão irá levar. O pouso em Marte é uma tarefa arriscada. Desde que a Rússia lançou a primeira sonda, em 1960, o índice de sucesso das missões foi de 50%. l

Melhor escola estadual no Enem está na 913ª posição

Folha de SP, 27/05/2008
Na lista das 4.830 escolas de São Paulo avaliadas pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no ano passado, a melhor da rede estadual regular -ou seja, não-técnica- não passa da 913ª posição.

A escola mais bem colocada ligada à Secretaria de Educação é a Professor Angelo Martino, em Ibitinga (347 km de SP), que está atrás de 849 particulares, 62 técnicas públicas (57 estaduais, 3 federais e 2 municipais) e da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação, ligada à USP e que figura na modesta 824ª colocação.

A Folha teve acesso a uma planilha com as notas e a colocação de cada escola de São Paulo no Enem. Os colégios estaduais correspondem a 71% do universo avaliado. Dezenove pontos, numa escala de 0 a 100, separam o melhor particular no exame, o Vértice (81,67), da Angelo Martino (62,46) -a Escola de Aplicação da USP teve 63,4.

A diferença entre ela e a pior estadual -a Shiguetoshi Yoshihara, em Presidente Epitácio (655 km de SP)- é de quase um terço da prova, ou 28 pontos.

Foi considerada a média da redação e das questões de múltipla escolha, com a aplicação de um fator de correção -fórmula matemática para evitar que escolas com menor número de alunos que fizeram Enem tenham a nota distorcida.

Os resultados das escolas paulistas no exame mostram ainda, mais uma vez, o abismo entre a rede pública e a particular. Nenhum colégio estadual regular alcançou a média da rede privada (64,1) e 71% tiveram média no exame menor do que 50% -entre os particulares, o índice foi de 0,6%.

Mesmo na rede pública, o desempenho é desigual. Metade das escolas do Estado não alcançou a média nacional da rede pública, de 48,081 pontos.
Na avaliação do presidente do Inep (instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Educação), Reynaldo Fernandes, o Enem não avalia a qualidade da escola, mas o desempenho dos alunos, que, disse ele, depende também do contexto socioeconômico. "Se você pegar a melhor escola privada e colocar os alunos da periferia, o desempenho será diferente. A comparação deve ser feita entre escolas com público semelhante."

Para Jorge Werthein, diretor-executivo da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, um dos fatores para o mau desempenho é o aumento do número de matrículas no Estado na última década, que levou à escola parcela da população que estava fora.

Para Carlos Ramiro, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais), não se pode ver os resultados como um "embate" entre a rede pública e a particular. Ele cita como prova o bom desempenho obtido pelos colégios técnicos.

Terremoto faz China abrir exceção à regra de um filho por casal

Folha de SP, 27/05/2008

Casais chineses que perderam seu único filho no terremoto do último dia 12 terão a permissão oficial de ter uma segunda criança, em um país que adota restrição ao número de filhos por pessoa para reduzir a superpopulação.

Pais de crianças que tenham morrido ou ficado com graves seqüelas físicas após o terremoto podem obter um certificado permitindo que tenham outro filho, anunciou o Comitê de Planejamento Familiar e Populacional de Chengdu, que cuida do tema na capital da Província de Sichuan e nas cidades adjacentes de Dujiangyan e Pengzhou, algumas das mais afetadas pelo terremoto.

Não há uma estimativa oficial de quantas crianças morreram, mas o terremoto resultou na destruição de quase 7.000 salas de aula em um dia letivo, o que indica que é alto o número de crianças entre as 65 mil vítimas confirmadas do terremoto -ainda há 23 mil desaparecidos. A queda de muitos prédios escolares, enquanto edificações próximas sofreram danos menores, levou pais a criticarem o governo pela fragilidade das construções.

Chen Xueyun está entre os pais que podem ser beneficiados pela medida. Seu filho Weixi, 8, morreu no desabamento do apartamento da família. "Enquanto os pais ainda estiverem tristes e deprimidos, é impossível falar sobre outro bebê. Mas no futuro, essa decisão pode ser de grande ajuda para nós", afirmou.

O comitê de planejamento familiar disse que a decisão beneficiará pelo menos 1.200 famílias, mas que esse número pode ser ampliado. Não se sabe se comitês de outras cidades afetadas farão anúncios similares. Segundo uma atendente do órgão de planejamento familiar provincial de Sichuan, o tema está sendo estudado.

História
A restrição de um filho por casal foi lançada no fim da década de 1970 pelo governo da China para controlar a explosão populacional no país e garantir saúde e educação a todos os chineses.O governo diz que, nesses anos, 400 milhões de nascimentos foram evitados, mas críticos dizem que a política levou a uma perigosa desproporção entre os sexos, já que muitas mães abortam ao saber que darão à luz meninas para poderem ter um filho homem.

Pela decisão de ontem, casais que tenham perdido um filho "ilegal" no terremoto não terão mais que pagar multas pela criança. Já aqueles que perderam um filho legal e já sejam pais de outra criança poderão legalizar esse segundo filho -o que dá direitos antes negados, como a educação gratuita.Além disso, famílias que desejam adotar crianças que ficaram órfãs pelo terremotos poderão fazê-lo sem restrições de número e não serão penalizadas caso venham a ter um filho biológico no futuro.

“Amazônia tem dono”, diz Lula

“Amazônia tem dono”, diz Lula; para sueco, US$ 50 bi compram a floresta
Jornal Destak 27/05/2008

Em uma clara resposta aos estrangeiros que questionam a soberania brasileira sobre a Amazônia, o presidente Lula afirmou ontem, durante o 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no Rio, que a floresta tem dono. “O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono, o povo brasileiro. São os os índios, os seringueiros, os pescadores, mas também somos nós”, disse o presidente.
Apesar de não ter citado o jornal norte-americano, a declaração de Lula também faz alusão à reportagem do New York Times, publicada na semana passada, que pergunta: “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”.

Crítica aos ricos
Durante o discurso no Rio, Lula procurou mostrar que a questão ambiental é um desafio global e também mandou um recado aos países ricos, ao dizer que o Protocolo de Kyoto “já faliu”. “Foi muito bonito assinar, maravilhoso, mas quem tinha de tomar medidas para cumpri-lo não referendou”, disse Lula, em referência direta ao governo dos EUA. l

Floresta é avaliada em US$ 50 bilhões
Consultor do premiê inglês Gordon Brown, o empresário sueco Johan Eliasch avaliou que a Amazônia poderia ser comprada por US$ 50 bilhões. Segundo a Agência Brasileira de Inteligência, que investiga o caso, Eliasch quer estimular empresários a comprar terras no local. Ele é um dos fundadores da ONG Cool Earth, suspeita de irregularidades na Amazônia.

Segundo o jornal O Globo, a Polícia Federal e a Abin investigam o suposto envolvimento de Eliasch com a compra de 160 mil hectares de terra na região.

Técnicos do Ministério da Justiça e do Meio Ambiente afirmam que o governo não sabe quantos estrangeiros possuem títulos de terra, onde estariam as propriedades e quanto as terras valeriam.

Cone sul: Presidente defende moeda única
Para Lula, os países da América do Sul caminham para ter, no futuro, moeda e Banco Central únicos. “A verdade é que, dos 12 países, apenas a Colômbia pôs objeção. Vamos voltar a conversar, declarou ontem no programa de rádio Café com o Presidente. Segundo Lula, as propostas para criação de moeda e banco únicos serão avaliadas nos próximos 90 dias.

Sem "professor Guga", aula vai ficar chata


segunda-feira, 26 de maio de 2008

RÉGIS ANDAKU

Quando o catarinense Gustavo Kuerten disputou pela primeira vez o Aberto da França, há 12 anos, quase ninguém soube. Àquela época, pouca gente acompanhava tênis, só um pessoalzinho sabia do que se tratava o torneio, e pouquíssimos tinham noção do que era disputar um jogo em Roland Garros.

Na segunda participação, Kuerten surpreendeu os poucos que acompanhavam o torneio e levou Roland Garros e o tênis à vida de milhões de brasileiros que adoram esporte -qualquer um, mesmo, desde que tenhamos um atleta campeão.

Ele virou "Guga", íntimo de todos, até de quem nunca havia visto uma quadra de tênis (nem pela TV), e fez a mídia rebolar para explicar como funcionava esse esporte, até então apenas uma coisa boba de rico esnobe nos tênis clubes pelo país afora.

Por causa de Guga, o país inteiro aprendeu que o Aberto da França, disputado em Roland Garros, Paris, é um dos quatro torneios mais importantes do tênis mundial.

Por causa das façanhas de Guga, milhões de brasileiros aprenderam também que o americano Pete Sampras e o suíço Roger Federer são os melhores de todos os tempos, e que nem eles conseguiram ganhar Roland Garros. E qualquer brasileiro sabe dizer, com orgulho, o número de vezes que Guga foi campeão em Roland Garros.

O alto nível de conhecimento do tênis, por causa de Guga, chegou ao requinte de muita gente saber que pode-se chamar Roland Garros de "Rolanga" -e se não podia, agora pode, porque, afinal, quem entende mais desse torneio do que o "nosso Guga" e nós, os brasileiros?

Com o "professor Guga", aprendemos que aquele chão com cara de areia se chama "saibro" -e que, óbvio, todos estamos cansados de saber, vai ser difícil, mas muito difícil, encontrar na história tantos tenistas que jogavam tão bem como Guga no saibro.

Com o "professor Guga", o torcedor brasileiro descobriu o complexo ranking mundial de tênis e, metido que é, aprendeu a acompanhar o sobe-desce dos tenistas -no caso de Guga, só subida, até o número um.

Com o "mestre Guga", o fanático torcedor brasileiro descobriu o que é uma tal de Copa Davis. Quando teve até o gostinho de ver o Brasil disputar as finais contra os países que são as maiores potências do tênis mundial, já sabia o que isso valia.

Sem Guga, ainda podemos aprender mais sobre tênis (sempre podemos). Agora, porém, as aulas ficarão mais chatas -e as lições serão apenas na teoria, sem nosso ídolo para ensinar e mostrar na prática como é que se faz.

Guga levou Roland Garros para casa

No jogo do adeus, ele ganhou parte da quadra que o consagrou.
Última atualização 26/05/2008@03:46:43 GMT-3
Chegou ao fim ontem, depois de 15 anos, a carreira em jogos de simples de Gustavo Kuerten, o maior tenista de todos os tempos e um dos maiores da história.
Na mesma quadra em que se consagrou, há onze anos, Guga, 31 anos, perdeu para o francês Paul-Henri Mathieu por 3 a 0 (6/3, 6/4 e 6/2) na primeira rodada de Roland Garros, torneio que conquistou três vezes (1997, 2000 e 2001).
“Isso [Roland Garros] é minha vida, minha paixão, meu amor, mas nada é mais importante do que o amor que recebi de vocês”, disse em seu discurso de adeus, ainda em quadra, o brasileiro, que se aposenta com um currículo de 20 títulos e US$ 14,7 milhões (cerca de R$ 24,3 milhões) em prêmios.

O fim de carreira relativamente precoce acontece três anos depois da segunda cirurgia no quadril. Guga sente dor na região desde 2000 e passou pela primeira cirurgia em 2002, mas ele só começou a ser de fato derrotado pela lesão em 2004.

Desde então, foram incontáveis horas de dolorosa fisioterapia e tentativas fracassadas de retornar às quadras.“Eu não consigo mais”, disse o ex-número 1 em fevereiro.

Guga ainda vai disputar a chave de duplas de Roland Garros, ainda sem data para estrear, ao lado do francês Sebastien Grosjean, número 57 do ranking de simples. “Sou o cara mais feliz do mundo por estar aqui”, disse o brasileiro. Simples assim.

Farc confirmam morte de líder máximo

segunda-feira, 26 de maio de 2008
Guerrilha diz que Manuel Marulanda morreu em março de ataque cardíaco; Alfonso Cano é ratificado como seu sucessor
Anúncio é feito em vídeo ao canal estatal venezuelano Telesur; grupo perdeu três dos sete membros de seu secretariado em março



As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) confirmaram ontem a morte do seu líder máximo, Manuel "Tirofijo" Marulanda Vélez, 77, ocorrida há exatos dois meses. O anúncio foi feito em vídeo enviado ao canal de notícias Telesur, controlado pelo governo venezuelano, de Hugo Chávez.



"Com imenso pesar, informamos que nosso comandante-em-chefe, Manuel Marulanda Vélez, morreu no último 26 de março, como conseqüência de um infarto (...). Rendemos as honras que merece um líder de sua dimensão", diz o comunicado, lido no meio da selva e diante da bandeira colombiana por Timoleón Jiménez, o Timochenko, um dos sete membros do secretariado.



Vestindo uniforme militar, Timochenko admitiu que as Farc estão sob pressão inédita ao afirmar que, "em meio à maior ofensiva reacionária contra [uma] organização revolucionária na história da América Latina, continuaremos nossas tarefas de acordo com os planos aprovados".



Timochenko, que opera na fronteira com a Venezuela, anunciou também que, "por unanimidade", o novo líder da organização é Alfonso Cano, outra informação divulgada sábado pelo governo colombiano.



Pouco depois, o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, que anunciara a morte de Marulanda anteontem, disse que não era possível confirmar se o líder das Farc havia morrido por parada cardíaca ou devido aos bombardeios do governo no departamento de Meta (centro).



"As Farc estão em seu pior momento", disse Santos, em entrevista coletiva, ao lembrar que a guerrilha completará 44 anos de existência amanhã. "E o que trouxe ao país? Dor, sofrimento, violência e morte."



Santos ressaltou a eficiência dos serviços de inteligência colombianos, responsáveis nos últimos meses pela localização de vários líderes das Farc, entre os quais o número 2, Raúl Reyes, morto em março por um bombardeio num acampamento em território equatoriano.



Durante a entrevista, foi mostrada uma gravação telefônica em que dois guerrilheiros, um deles identificado como Alberto Cancharina, comentam a morte de Marulanda. "Temos várias [gravações], e por isso estávamos tão seguros dessa informação", disse Santos.



Transição

Pedro Medellín, professor da Universidade Nacional da Colômbia ouvido pela Folha, chama atenção para o valor simbólico da transição. "É o fim da época das Farc de origem camponesa", disse, ao lembrar as diferenças entre a origem rural de Marulanda e a formação universitária de Cano.Comandante do Movimento Bolivariano, principal projeto político da guerrilha, o novo líder foi chamado recentemente pelo presidente Álvaro Uribe de "filósofo do terrorismo". Antropólogo de formação, Cano, 52, nasceu em família de classe média alta de Bogotá, com pai agrônomo e mãe professora. Antes da guerrilha, militou no Partido Comunista.



Há 47 ordens de prisão por rebelião, terrorismo, homicídio e seqüestro contra ele, condenado pela execução de 40 guerrilheiros julgados em tribunal interno por indisciplina.



Com as baixas de Marulanda, Reyes e Iván Rios, todas em março, formam hoje a cúpula das Farc: Cano; Victor Julio Suarez, o Mono Jojoy, estrategista militar; Timochenko; o ideólogo Luciano Marin Arango ou Ivan Marquez; o Doutor, médico de Marulanda cujo nome é ignorado e que substituiu Rios; Milton de Jesus Toncel Redondo, o Joaquin Gomez, que sucede Reyes; e Jorge Torres Victoria, o Pablo Catatumbo, na vaga recém-aberta.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2605200801.htm

Doadoras do PSDB obtêm contratos de R$ 3,4 bilhões

São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008
Andrade Gutierrez e Odebrecht ganharam licitações em Minas Gerais e São Paulo
Construtoras doaram ao todo R$ 2,4 milhões ao partido nacional em 2007; empresas dizem que doação foi feita de acordo com a lei

As duas principais doadoras de recursos ao PSDB nacional em 2007, as construtoras Andrade Gutierrez e CBPO Engenharia (empresas do Grupo Odebrecht), mantêm contratos que ultrapassam R$ 3,4 bilhões com os governos de Minas e São Paulo, os dois Estados de maior orçamento administrados pelo PSDB.

Em Minas Gerais, as empresas fecharam contratos com o governo do tucano Aécio Neves que, somados, superam o montante de R$ 1,35 bilhão. Em São Paulo, as construtoras participam de duas obras prioritárias para o governo de José Serra -o Rodoanel e a Linha 4 do Metrô-, respondendo por contratos que, juntos, passam de R$ 2,1 bilhões. O total de contratos é de R$ 2,3 bilhões.

As doações que os dois grupos empresariais fizeram ao PSDB somam R$ 2,4 milhões -R$ 2 milhões da Andrade Gutierrez e R$ 400 mil da CBPO.Andrade e CBPO tinham contratos com a Cemig (estatal de energia) para a primeira fase do programa Luz para Todos. Esses contratos, firmados em 2005, terminaram em maio do ano passado. Dos quatro lotes do programa, a CBPO ganhou dois, totalizando R$ 646 milhões. A Andrade Gutierrez ficou com outro lote no valor de R$ 288 milhões.

No ano passado, os grupos Andrade Gutierrez e Odebrecht venceram também lotes da concorrência para construção do novo centro administrativo do governo, idealizado por Aécio e com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. O valor da licitação da obra, em Belo Horizonte, foi de R$ 948,6 milhões.

A Odebrecht faz parte do grupo que ganhou o lote de R$ 367,6 milhões e deve ficar com 60% desse valor (R$ 220,4 milhões). Já o grupo da Andrade Gutierrez obteve um lote de R$ 393,4 milhões e receberá 50% do valor (R$ 196,7 milhões).

São Paulo
Segundo levantamento feito pela liderança do PT na Assembléia Legislativa paulista, a Andrade Gutierrez tem um contrato de R$ 492,9 milhões para as obras do trecho sul do Rodoanel. Outro contrato, de R$ 219 milhões, é para o lote 3 da linha 4 do Metrô. Além disso, é responsável por obras de recapeamento da estrada Raposo Tavares, pelas quais recebeu R$ 38 milhões este ano.

A CBPO é líder do Consórcio Via Amarela, encarregada da construção da linha 4 do Metrô, com contrato de R$ 1,6 bilhão (valores nominais). Os contratos foram assinados na gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

A Odebrecht disse à Folha que "eventuais contribuições são feitas conforme a legislação" e que "detalhes podem ser obtidos com os órgãos competentes, já que números e doadores são públicos". Segundo a Andrade Gutierrez, "as doações a partidos políticos realizadas pelo grupo foram feitas de forma oficial, de acordo com as regras da legislação".
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2605200805.htm

Governo paga a empresas 54 vezes o que doaram ao PT

São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2008
Só das 20 maiores contribuintes, partido recebeu R$ 8,7 milhões no ano passado
No segundo mandato de Lula, empresas receberam R$ 473 milhões do governo federal; PT foi o partido que mais obteve contribuições

Parte das 20 empresas que mais doaram dinheiro ao PT em 2007 recebeu no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pagamentos do governo federal que totalizam ao menos 54 vezes o valor repassado ao partido.

A contabilidade do PT entregue no último dia 30 ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registra R$ 8,7 milhões em doações feitas por 20 empresas em 2007, metade desse valor oriundo de empreiteiras ou empresas de construção civil.

Consulta ao Portal da Transparência do governo federal (www.transparencia.gov.br) mostra que 8 das 20 doadoras receberam do governo, diretamente ou por meio de empresas do mesmo grupo, um total de pelo menos R$ 473 milhões em 2007 e 2008. A empreiteira Andrade Gutierrez foi a maior doadora do PT em 2007, com R$ 1,5 milhão. Do Portal da Transparência, ela consta como beneficiária de R$ 45 milhões desde 2007.

O valor obtido no portal é subestimado, já que não abrange possíveis subsidiárias não detectadas pela reportagem e pagamentos feitos pelas estatais, que não são abrangidas pelo portal do governo.

Um exemplo: a UCT Engenharia doou R$ 800 mil para o PT e não aparece no portal como beneficiária em 2007 e 2008. Mas ela firmou em outubro do ano passado contrato no valor de US$ 139,7 milhões para, em parceria com a Rolls-Royce Energy Systems, fazer a provisão, montagem e operação dos módulos de engenharia elétrica da P-56, plataforma da Petrobras na Bacia de Campos.

O tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, argumentou que todas as grandes empreiteiras e bancos, principais doadoras do PT nos últimos anos, têm alguma relação com os governos federal, estadual e municipal. "Não vejo estranheza em colaborarem, porque nossos doadores são esses grandes grupos." Ferreira afirmou que algumas empresas assumiram o compromisso de ajudar, ainda em 2007, a quitar dívidas de campanha da reeleição de Lula.

A Folha procurou as empresas doadoras do PT para saber o que as motivou a colaborar financeiramente com o partido. As que se dispuseram a falar disseram que ou simplesmente atenderam ao pedido de doação, ou são tradicionalmente colaboradoras de partidos.

"Nosso melhor vendedor de álcool é o presidente", afirmou o diretor de operações da sucro-alcooleira Goiasa Goiatuba Álcool, Júlio Capobianco Filho. A empresa doou R$ 800 mil para o PT. No portal, o grupo do qual faz parte a empresa aparece como beneficiário de R$ 142 milhões desde 2007. "O grupo não doa para ter contratos, mas, sempre que procurados, avaliamos os pedidos", disse Capobianco Filho, acrescentando que já foi chamado de "burro" por doar ao PT.

A assessoria da Andrade Gutierrez disse "que acredita no exercício da cidadania corporativa" e que se reserva ao direito de não comentar a doação. A WTorre informa não estar envolvida com nenhuma obra do governo federal, mas que prefere doar em anos sem eleição.

Entre os quatro maiores partidos, o PT foi o que obteve maior volume de recursos de empresas privadas. O PSDB arrecadou R$ 3 milhões. As doadoras do PSDB receberam do governo federal, de acordo com o Portal da Transparência, R$ 134 milhões. PMDB e DEM não registraram doações.

Anualmente, os partidos políticos são obrigados a apresentar a suas prestações de contas ao TSE, que as julga depois de uma lenta análise. Caso sejam rejeitadas, o partido fica por um ano sem o dinheiro do fundo partidário, principal fonte de recurso das legendas

A prestação de contas do PT de 2006 ainda está pendente de julgamento, com recomendação da área técnica do TSE pela rejeição por vários motivos, entre eles suposto uso irregular de dinheiro do fundo partidário e recebimento de doação de fonte vedada pela lei.

Naquele ano, eleitoral, o PT arrecadou R$ 43 milhões em doações, sendo que as empreiteiras (R$ 12,5 milhões) e os bancos (R$ 8,8 milhões) foram os mais generosos. O topo do ranking tinha Andrade Gutierrez (R$ 6,4 milhões) e Santander Banespa (R$ 3,2 milhões).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2605200802.htm

Evolução no ensino

segunda-feira, 26 de maio de 2008
O PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), lançado em abril de 2007 pelo MEC, produziu uma avalanche de expectativas. Com o foco correto na educação básica e na oferta de auxílio federal como contrapartida para o cumprimento de metas acordadas, conseguiu adesão de 98% dos municípios brasileiros. Depois de apenas um ano, contudo, é cedo demais tanto para celebrá-lo quanto para criticá-lo diante dos parcos resultados práticos colhidos.

Das cidades que aderiram, mais de 4.300 deram o segundo passo previsto, solicitar ajuda técnica e financeira do MEC. Desde o lançamento a prioridade seria o milhar de municípios com pior avaliação pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), aquém da média nacional de 3,8 (o objetivo é obter 6 até 2022, patamar de países desenvolvidos).

Desde então, 1.242 localidades receberam visitas de equipes do ministério. Elaboraram, com tal apoio, seus planos de ações articuladas (PARs), a lista de medidas e metas para tirar seu ensino fundamental da indigência em que muitas se encontram. Por outro lado, só 38 municípios conseguiram firmar convênios com o MEC ainda em 2007 e receber a verba para investimento (R$ 433 milhões ao todo).

No plano dos Estados, cujos governos respondem pelo ensino médio, 21 já receberam as primeiras remessas do MEC (R$ 835 milhões). Neste caso, a maior celeridade se explica pela capacidade institucional superior das administrações estaduais. As pequenas cidades esbarram em entraves burocráticos, como a necessidade de comprovar a titularidade do imóvel da escola a ser reformada.

Dificuldades assim são previsíveis num programa que abrange 198 mil escolas e 53 milhões de alunos. Cabe ao MEC estruturar-se para atender de modo ágil a demanda criada pelo PDE, sob pena de ver a mobilização auspiciosa degenerar em frustração.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2605200802.htm

Brasileira Sandra Corveloni é a melhor atriz em Cannes

26 de maio de 2008
61º FESTIVAL DE CANNES
Ela compara prêmio por atuação em "Linha de Passe" com medalha de ouro em Olimpíada
Júri do festival dá Palma de Ouro ao francês "Entre les Murs", dirigido por Laurent Cantet

O 61º Festival de Cannes terminou ontem com o prêmio de melhor atriz para a brasileira Sandra Corveloni, protagonista do longa "Linha de Passe", de Walter Salles e Daniela Thomas. A Palma de Ouro ficou com o filme francês "Entre les Murs" (entre os muros), de Laurent Cantet.

"Estou me sentindo como uma atleta que ganhou medalha de ouro na Olimpíada. É um prêmio para todo mundo, porque brasileiro batalha tanto para conseguir as coisas", disse a atriz à Folha por telefone, de sua casa, em São Paulo.

Sandra, cujo currículo cinematográfico até então se resumia a dois curtas ("Flores Ímpares" e "Amor"), afirmou que suas atenções se voltam agora para o lançamento de "Linha de Passe", previsto para o segundo semestre deste ano: "Quero cuidar da divulgação do filme, para que tenha uma carreira linda. Vou continuar trabalhando no teatro [é atriz e diretora do grupo Tapa], como sempre trabalhei. Não sei o que vai acontecer. Quero viver este momento", diz ela, 22 anos depois de Fernanda Torres ganhar o prêmio de atriz em Cannes por "Eu Sei que Vou te Amar", de Arnaldo Jabor.

Sandra concorreu em Cannes com atrizes como as norte-americanas Angelina Jolie ("Changeling", de Clint Eastwood), Julianne Moore ("Ensaio sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles, não lembrado pelo júri), e a francesa Catherine Deneuve ("Un Conte de Noël", de Arnaud Desplechin). A Folha apurou que, entre os nove membros do júri, oito votaram na brasileira para o prêmio. O presidente do júri, o ator e diretor norte-americano Sean Penn, declarou que foram decididos por unanimidade a Palma de Ouro e o prêmio de ator, para o norte-americano de origem porto-riquenha Benicio Del Toro, pelo papel de Ernesto Che Guevara em "Che", de Steven Soderbergh. O diretor mexicano Alfonso Cuarón, integrante do júri, disse que "Che" e "Linha de Passe" são "filmes relevantes hoje" e que o júri reconheceu "o poder de interpretação desses personagens [Che e Cleuza], que levam os filmes adiante".

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2605200807.htm

Parada Gay perde em glitter e ganha em diversidade

O prefeito de SP, Gilberto Kassab, cumprimenta drag queen

Com menos go-go boys, drag queens e fantasias, evento tem decoração contida e abre espaço para popularização
Além de música eletrônica, trios tocavam samba e bossa nova; organizadores e PM não quiseram estimar público que foi à parada


26/05/08
Nada de Marina Lima, Bruno Gagliasso ou Christiane Torloni: as maiores celebridades a dar as caras na 12ª Parada do Orgulho Gay, realizada ontem em São Paulo, desta vez foram mesmo o travesti Andréa Albertino, aquele que acabou com o jogador Ronaldo em uma delegacia carioca, e a atriz-pornô-lésbica Thammy Miranda, filha de Gretchen. Os go-go boys, aqueles modelos musculosos das festas gays, contavam-se nos dedos. A decoração dos trios elétricos limitou-se a balões coloridos. Havia pouca gente fantasiada. As drag queens eram escassas. Quanto ao som, o techno, ritmo de bate-estacas típico das baladas, cedeu espaço até para o sambão e a bossa nova.
"A parada de São Paulo perdeu o glamour, ficou popular demais", reclamou o "diabinho" Maurício Rosendo da Silva, 21, cozinheiro, vestido com uma fantasia justíssima de lantejoulas vermelhas, chifres e tridente. "Mas ganhou em diversidade", contemporizou Maria das Graças Dias, 45, professora, de mãos dadas com a namorada de gravata preta, cabelos curtos arrepiados à força de gel. "Antes, a gente nem podia sonhar em ter um trio tocando samba. Era tudo um som só, um estilo só, um tipo ideal de bicha, outro de drag", analisou. O cozinheiro preferia como era antes, "menos popular".
O performista Thiago Augusto Gomes, 21, viajou de Franca (SP) para a capital com um grupo de dez "amigas". "Nossa, eu esperava um pouco mais de brilho", disse, observando o movimento em frente ao Masp, área de concentração. Sem maquiagem, ele reclamava do pequeno número de participantes que foi "montado" à parada. Também Kimberlyn, 22, drag carioca com fantasia de Princesa Submarina, disse ter ficado desapontada com a falta de criatividade das "bichas paulistas". "Falta fantasia, meu bem."
O que se viu na avenida Paulista e na rua da Consolação foram as logomarcas dos patrocinadores. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, distribuiu bandeirinhas com dois bonequinhos homens de mãos dadas e idem com duas bonequinhas mulheres: "Caixa, o banco que acredita nas pessoas". Sobrevoando a avenida Paulista, via-se um minizepelim da marca de cuecas Surrender. Slogan (inspirado?): "A cueca que faz as cabeças".
Nem a polícia nem os organizadores da parada arriscaram-se a avaliar o número de pessoas que fizeram a festa, neste ano organizada sob o tema "Homofobia Mata! Por um Estado Laico de Fato".
Antes da saída do primeiro trio, a drag Silvetty Montilla, que comandava o carro, brincou: "Alcançamos 5 milhões (risos)". O site oficial da parada divulgou esse número. Mas, no final do evento, recuou. A organização disse que só hoje apresentará um balanço, com base em imagens terrestres e aéreas. No ano passado, houve divergências sobre o número de participantes -a organização disse terem sido 3,5 milhões.
Apesar dos cerca de 20 furtos registrados pela polícia, foi uma festa até comportada. Uns beijinhos gays aqui e outros ali, a temperatura só subiu mesmo quando surgiram dois travestis de peitos de fora, diante do cemitério da Consolação. Uma gritaria. Mas quem vibrou foi um grupo de 15 jovens lésbicas, que fizeram questão de posar para fotos abraçadas aos implantes de silicone. "Que delícia de peitos", disse uma.

domingo, 18 de maio de 2008

A Semana de Cada Um

Folha de SP

NA FRENTE
Felipe Massa vence pela terceira vez na Turquia e é vice-líder do Mundial

FELIZ
A Suprema Corte da Califórnia legalizou o casamento gay em um dos Estados americanos mais populosos

MAIORIA
Brasil terá mais negros que brancos até o fim deste ano

SOB SUSPEITA
Justiça nega habeas corpus a Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar Isabella

CONTENTE
Fernando Meirelles é aplaudido durante cinco minutos por "Ensaio sobre a Cegueira", no Festival de Cannes
PENSATIVO
Filme do cineasta brasileiro não empolga a crítica

POR CIMA
Banco do Brasil lucrou R$ 2,347 bilhões no primeiro trimestre de 2008, o melhor resultado entre as instituições financeiras no paísESPERANÇOSOO corredor sul-africano Oscar Pistorius com prótese nas pernas poderá tentar vaga em Pequim

SÉRIO
O ministro da Justiça, Tarso Genro, defende o julgamento e a punição dos responsáveis pelos crimes de tortura durante o regime militar (1964-85)

PARALISADA
Nadadora Rebeca Gusmão é suspensa por dois anos por doping no Pan-Americano de 2007

Manchetes da Semana

Folha de São Paulo:

Segunda 12.maiUniversidade privada não respeita lei da pesquisa
Terça 13. maiTerremoto mata mais de 10 mil na China
Quarta 14.maiSem apoio de Lula, Marina se demite
Quinta 15. maiSecretário do Rio vai substituir Marina
Sexta 16.maiMinistro quer nova lei de licenciamento ambiental
Sábado 17.maiGoverno quer criar uma nova CPMF

Substituto de Marina quer licenciamentos sem burocracia

Jornal Destak, 16/05/2008

novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu ontem, em Paris, a elaboração de uma nova lei de licenciamento ambiental para o Brasil “com exigências mais rigorosas, mas que diminuam a burocracia”, informa a BBC Brasil.Durante sua gestão como secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Minc reduziu pela metade o tempo para aprovar certificações e licenças de instalação e operação no Estado.O novo ministro, entretanto, disse que vai manter “todas as políticas de Marina Silva, sem exceções, e aprofundá-las em algumas questões”. Ele garantiu que não deixará que a produção de biocombustível avance sobre a Amazônia.O novo ministro disse ainda que vai sugerir que o coordenador-executivo do Plano Amazônia Sustentável seja o ex-governador do Acre, Jorge Viana, que também foi cotado para assumir a pasta. No entanto, o ministro Mangabeira Unger (Secretário Especial de Assuntos Estratégicos) já havia sido nomeado para a chefia do PAS antes de Marina Silva deixar o cargo.DemissãoA ex-ministra falou ontem, pela primeira vez, sobre sua saída da pasta. Ela negou que sua demissão esteja ligada à indicação de Mangabeira Unger, sem o seu conhecimento, para chefiar o PAS. Marina disse que deixou o ministério por um sentimento de estagnação e por sentir que não estava mais agregando.

Marina Silva e toda a cúpula ambiental deixam governo

Jornal Destak, 14/05/2008

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu demissão do cargo ontem, em caráter irrevogável. Para o seu lugar, o presidente Lula convidou o secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, do PT carioca.
Os motivos do pedido de demissão não foram divulgados oficialmente, mas a interferência do ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, na área de meio ambiente teria sido o estopim para a saída. Outra razão foi o fato de o Ministério da Agricultura, chefiado por Reinhold Stephanes, pressionar para flexibilização da regra que restringe o crédito agrícola de quem realizou desmatamentos sem licença ambiental e não tem registro da propriedade. Marina deve voltar a ocupar sua vaga no Senado, que hoje está com o suplente Sibá Machado (PT-AC).Além da ministra, também pediram demissão o presidente do Ibama, Bazileu Margarido, e o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, João Paulo Capobianco, que também é secretário-executivo do ministério.Marina enfrentou diversas brigas dentro do governo. A principal foi com a ministra Dilma Rousseff em torno da demora para liberação das licenças ambientais para obras no rio Madeira. Por causa do rigor na liberação, o ministério era freqüentemente acusado de ser um entrave ao crescimento econômico.

SP cria metas para ter escola pública de 1º mundo em 2030

Jornal Destak, 16/05/2008

O governo do Estado divulgou ontem o Índice de Desenvolvimento da Educação (Idesp) e estipulou metas, a serem atingidas até 2030, para que as escolas estaduais tenham o mesmo nível de educação dos países desenvolvidos.
Pelas notas apontadas no índice, porém, as escolas terão um longo caminho a percorrer. O ensino médio, o pior avaliado, teve média de 1,41, em uma escala de 0 a 10. Da 1ª à 4ª série e da 5ª à 8ª, as médias foram 3,23 e 2,54, respectivamente.A meta para o ensino médio é, até 2030, atingir média 5. Os objetivos são mais ambiciosos da 1ª à 4ª série (média 7) e da 5ª à 8ª ( média 6). Cada escola terá metas específicas a serem atingidas a cada ano. Apenas sete escolas das 5,5 mil da rede estadual já atingiram o objetivo para 2030. Segundo a secretária de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, quem não atingir as metas anuais terá maior auxílio do governo, e as escolas com as piores notas no Idesp serão monitoradas.Para o professor Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), a meta para o ensino médio é pouco ambiciosa. “A média 5 é só o mínimo satisfatório”, disse. lColégios com maiores notas ganharão bônusAs escolas que tiverem melhor desempenho no Idesp receberão um bônus em dinheiro do governo estadual. A secretaria da Educação explica que a bonificação, ainda em fase de discussão, será de até três salários a mais por ano para os funcionários da escola – desde professores, diretores e coordenadores, até faxineiros e merendeiras.

Só 1/3 do que brasileiros pagam de imposto vira serviço público


Jornal Destak, 16/05/2008


Levantamento inédito do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que apenas 36% dos impostos que os governos arrecadam são efetivamente gastos em benefício da população. Segundo Marcio Pochmann, presidente do Ipea, a carga tributária aumentou de 30,4% para 33,4% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas no país) de 2000 a 2005.
No entanto, quando se descontam os gastos com pagamentos da Previdência, juros, subsídios a empresas e outros programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, restam apenas 12,1% do PIB para investir em serviços como educação, saúde ou segurança. “Isso dá ao Estado pouca capacidade de fazer interferência efetiva”, afirmou. lMais ricos detêm 75% da riquezaO atual sistema tributário faz que os 10% mais ricos do país possuam três quartos da riqueza brasileira. “A riqueza permanece pessimamente distribuída entre os brasileiros”, disse Pochmann. Em São Paulo, a concentração é um pouco menor: 73,4%. A participação dos 10% mais ricos era de 68,7% no século 18, ressaltou o presidente do Ipea.

Grã-Bretanha põe na rede seus arquivos secretos sobre óvnis

Jornal Destak, 15/05/2008

O governo britânico decidiu liberar ao público seus arquivos secretos sobre óvnis. Os documentos já podem ser baixados, inclusive por meio do site dos Arquivos Nacionais da Grã-Bretanha (www.nationalarchi ves.gov.uk).
Os primeiros arquivos liberados são do período entre 1978 a 1987 e trazem gravuras e relatos de pessoas que dizem ter visto ou tido contato com objetos e extraterrestres. Um dos documentos disponível para consultas traz o depoimento de um homem de 78 anos que contou ter conhecido seres extraterrestres no condado de Hampshire, em 1983. Ele afirma ter entrado no disco voador e conversado com eles.O Ministério da Defesa britânico informou que pretende liberar todos os documentos, cerca de 200 no total, nos próximos quatro anos.Apesar de afirmar que “há coisas estranhas que rondam pelo céus da Grã-Bretanha”, o Ministério da Defesa diz que “não há evidências de que naves extraterrestres tenham pousado no planeta”.

Brasil melhora, mas é apenas o 43º em ranking de competitividade


Jornal Destak, 15/05/2008


Com o aumento da oferta de crédito, inflação sobre controle e poder de compra em alta, o Brasil ganha competitividade.
Depois de cair cinco posições ano passado, o país avançou do 49º lugar para o 43º no ranking de competitividade 2008, do Instituto para o Desenvolvimento Gerencial (IMD, na sigla em inglês), que avaliou 55 países.Resultados econômicos favoráveis, como o salto de 5,4% no PIB em 2007, redução dos juros e queda do desemprego, também pesaram no ganho competitivo.Melhor entre BricsAlém disso, a performance da Bolsa brasileira – que teve valorização de 43,7% em 2007–, ganhos salariais e resistência à turbulência na economia mundial contribuíram para que o Brasil fosse o único entre os Brics (grupo de países em desenvolvimento que inclui também Índia, Rússia e China) a conquistar posições.ProblemasPorém, o país ainda tem alguns problemas que travam o crescimento das empresas, como grande burocracia e qualidade da educação e infra-estrutura. Os EUA voltaram a liderar o ranking. A Venezuela é a lanterna, e o Chile foi o melhor do continente.l

Câmara aprova pena de até 30 anos para seqüestro relâmpago

Jornal Destak, 15/05/2008

A Câmara dos Deputados aprovou ontem um pacote de projetos que endurece as punições contra criminosos no país. Entre eles, está a tipificação para o seqüestro relâmpago, que não estava previsto no Código Penal. As penas para o crime, se houver lesão corporal e morte, podem chegar a 30 anos. Entretanto, como houve modificações no texto, a matéria ainda terá de voltar para o Senado.
Também foi aprovado projeto que acaba com a possibilidade de um segundo julgamento quando há condenação por mais de 20 anos pelo Tribunal do Júri. Se for sancionado por Lula, a matéria entra em vigor em 60 dias e passa a valer inclusive para os casos já em andamento.Foi justamente no segundo julgamento que, na semana passada, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang, foi absolvido. No primeiro, ele havia sido condenado a 30 anos.O projeto também reduz as possibilidades de adiamento do julgamento e a duração do processo: pelo novo texto, haveria apenas uma audiência, em que todas as provas serão produzidas.Tornozeleira Os deputados também aprovaram o uso de tornozeleiras eletrônicas para condenados em liberdade. A matéria volta ao Senado. Outros oito projetos aguardavam votação até o fechamento desta edição.

Motorista erra estacionamento e desce escada na av. Paulista


Jornal Destak

O motorista de um Toyota Corolla só queria estacionar o carro para sacar dinheiro em um banco da avenida Paulista, na manhã de ontem. A distração, porém, o fez errar a entrada e o carro foi parar em uma escadaria, na altura do número 1.776 da avenida.
O carro ficou pendurado e foi retirado por volta das 11h, com a ajuda de um guincho e de alguns pedestres.Dezenas de curiosos assistiram à cena. O motorista, que ficou dentro do carro durante a remoção, não quis falar sobre o episódio. Segundo testemunhas, ele conversava ao celular na hora do acidente.

Negros serão maioria da população até o fim do ano


Jornal Destak, 14/05/2008


A população negra, composta por pretos e pardos, vai ultrapassar a branca no Brasil a partir deste ano, aponta a projeção demográfica de um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em 1976, os brancos representavam 57,2% da população; os negros, 40,1% e os amarelos e índios, menos de 3%. Trinta anos depois, o número de brancos caiu para 49,7%, o de negros passou para 49,5% (42,6% pardos e 6,9% pretos) e o de amarelos e índios caiu para menos de 1%.De acordo com o levantamento, a partir de 2010, o Brasil será um país de maioria absoluta negra, com pretos e pardos representando mais de 50% da população.O Ipea, no entanto, chama a atenção para a permanência das desigualdades no acesso a bens, serviços e direitos fundamentais, que somente serão superadas em 50 anos.

13 de maio - Negro pobre tem 40% menos chance de entrar na faculdade


Jornal Destak, 13/05/2008

Após 120 anos da abolição da escravidão, os jovens negros mais pobres ainda têm mais dificuldades para cursar faculdade do que os brancos com o mesmo perfil socioeconômico. A cada 100 brancos entre 17 e 25 anos com renda per capita familiar de até um salário mínimo que estão no ensino superior, há apenas 60 negros em situação similar – uma diferença de 40%.
Para uma situação de igualdade, seria necessário que a proporção de negros (soma dos que se classificam pretos e pardos) na universidade fosse igual a de brancos, já que os dados do IBGE que embasam o levantamento foram ponderados pela participação de cada grupo racial na população da referida faixa etária.A conclusão está no livro Democracia Racial, do discurso à realidade (Paulus Editora, R$ 27), de Vinícius Rodrigues Vieira, repórter do Destak. Ele tabulou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2002, último ano antes da implantação, em larga escala, de ações afirmativas, como cotas, no Brasil.Já entre os que têm renda per capita familiar de cinco a 20 salários mínimos, a proporção varia de 80 a 90 negros para cada 100 brancos matriculados na faculdade (veja tabela acima). Considerando a pequena amostragem da PNAD para essa faixa de renda, são necessários mais estudos para dizer se há desigualdade racial nas classes mais ricas. “Mas há indícios suficientes para dizer que a renda funciona como ‘combustível’ para o ingresso na universidade, já que permite o acesso a escolas privadas”, afirma.HipótesesPara Vieira, porém, esses dados não justificam a implantação de ações afirmativas com base em raça, o que, no longo prazo, poderia aumentar o racismo existente e reafirmar o conceito biológico de raça.“Antes, os dados demonstram que é necessário dar mais qualidade ao ensino básico. Assim, fatores que produzem desigualdade, como a herança da escravidão, que afeta famílias com ancestralidade negra, seriam neutralizados”, diz o jornalista.


Terremoto mata pelo menos 10 mil pessoas na China

Jornal Destak, 13/05/2008

Um terremoto de 7,8 graus de magnitude atingiu a província de Sichuan, região central da China, matando pelo menos 10 mil pessoas. E os números podem subir ainda mais, pois as autoridades dizem que há milhares de pessoas sob escombros de prédios e casas.Na capital de Sichuan, Chengdu, uma cidade com quase 10 milhões habitantes, houve pânico e milhares de pessoas saíram às ruas. Em Pequim, a mais de mil quilômetros, o alarme antiterremoto foi acionado e milhares de pessoas deixaram apartamentos, escritórios e escolas durante duas horas.Reflexo em BangcocO reflexo do tremor foi sentido até em Bangcoc, capital da Tailândia, a mais de 3 mil quilômetros de distância.De acordo com informações da agência de notícias Xinhua, uma das cidades que mais sofreu com o sismo foi Dujiangyan, próxima ao epicentro. Um prédio de três andares que abrigava uma escola desabou. A estimativa é que 900 alunos estivessem sob os escombros.O comitê olímpico informou que que não há danos aparentes às construções preparadas para receber os atletas e torcedores em agosto.

Delatar uso pirata do logo rende dinheiro

Folha, 12/05/2008

Para incentivar a delação do uso pirata de ícones olímpicos, uma comissão municipal de Pequim e outra do Comitê Organizador dos Jogos editaram ontem um regulamento que oferece até 5% do valor das multas a quem informar a infração.De acordo com a norma, o maior valor da recompensa será 100.000 yuan (cerca de R$ 24 mil).No ano passado, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio de Pequim arrecadou 1,03 milhão de yuan (aproximadamente R$ 240 mil) em multas a 95 infrações deste teor.Ontem, a etapa doméstica do revezamento da tocha olímpica foi alvo de alerta nos principais portais de internet do país, como relata a agência estatal de notícias.Qualificando o fato de pessoas escalarem árvores e até postes elétricos para ter uma visão melhor do fogo olímpico como "comportamento não-civilizado", a Xinhua aponta como "campeão de alpinismo" um jovem que escalou uma ponte de mais de dez metros de altura durante a passagem da tocha olímpica por Guangzhou.Hoje, está prevista a passagem do revezamento por Quanzhou.
Com agências internacionais

Bombeiros cessam buscas por padre que voou em balões

Agência Folha, 12/05/2008

Bombeiros encerraram ontem as buscas pelo padre Adelir Antônio de Carli, 41, desaparecido desde o dia 21, após levantar vôo amarrado a balões de festa, em Paranaguá (96 km de Curitiba).Desde então, bombeiros voluntários de Penha (120 km de Florianópolis), região onde restos de balões usados pelo padre foram encontrados, trabalharam por mais de 20 dias seguidos em busca de pistas. Cerca de 90 bombeiros cumpriram 120 horas de buscas por terra, água e ar.Ele fez o último contato por rádio, com bombeiros, em São Francisco do Sul (SC). "O que tinha que ser feito foi feito. Não acho que podemos localizá-lo nessa região", disse o comandante das operações, Johnny Coelho. Lanchas e helicópteros da polícia e de empresários foram usados nos trabalhos.A Marinha já havia encerrado as buscas ao padre no último dia 26. Apesar do fim das buscas, integrantes da Pastoral Rodoviária, projeto de apoio a caminhoneiros idealizado pelo padre, afirmam ainda ter esperanças de que o religioso esteja vivo. (MATHEUS PICHONELLI)

Universidade paga não segue lei de professor exclusivo

Folha de São Paulo, 12/05/2007

Só 37 das 86 universidades privadas (43%) cumprem a exigência legal de ter um terço dos docentes trabalhando em regime integral, aponta o Censo da Educação Superior 2006 (mais recente). O prazo para adequação acabou há quatro anos, mas o MEC ainda não descredenciou nenhuma instituição.A exigência é da Lei de Diretrizes e Bases, de 1996. De acordo com o MEC, as universidades ainda serão reavaliadas. As que não cumprirem a norma podem perder o título de universidade -o que tira delas o direito de ampliar e abrir cursos sem prévia autorização.O objetivo de ter professores em tempo integral é incentivar a pesquisa e oferecer melhores condições de ensino (com horário remunerado para preparação de aulas e correção de provas, por exemplo).Nesse regime, a carga horária é de 40 horas semanais, mas somente metade em sala de aula. O professor com dedicação exclusiva custa à instituição mais caro do que um pago por hora, já que este último pode ficar 100% do tempo em sala.Nas 90 universidades públicas no censo, apenas seis não cumprem a lei -quatro delas cobram mensalidades.O Enade (exame de alunos do governo federal) sugere que a proporção de docentes com dedicação integral influencia na qualidade. Nas dez instituições com menor proporção, as médias de cada universidade (feitas a partir de todos cursos avaliados) variaram entre 2,5 e 3,3 (escala de 0 a 5). Nas com mais docentes em regime integral, a variação foi de 3,5 a 4,4."A presença do professor o tempo todo na universidade e o envolvimento dos estudantes em outras atividades fora da sala de aula fazem diferença na formação", afirma Oscar Hipólito, professor do Instituto de Física da USP (São Carlos) e pesquisador do Instituto Lobo.Professor da pós-graduação em Educação da PUC-SP, Marcos Masetto afirma que os docentes sem dedicação integral têm dificuldades para se atualizarem e planejar seus cursos.LegislaçãoO decreto de 1997 que regulamentou a lei fixou prazos intermediários com metas a serem atingidas e acompanhadas. Previa ainda que o descumprimento resultaria na reclassificação da universidade em centro universitário, instituição com menos autonomia para abrir cursos. Isto, no entanto, nunca foi colocado em prática.O diretor de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Dirceu Nascimento, afirma que, no momento, o ministério levanta os dados para o recredenciamento das escolas: "Todas serão reavaliadas. Existe a exigência de que a avaliação seja feita ao longo de dez anos. Será exigida a adequação à lei".O presidente da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, Gilberto Garcia, afirma que a lei deixa claro que é preciso ter ao menos um terço dos docentes em regime integral. Segundo ele, no entanto, as comissões do MEC que visitam as universidades, em geral, colocam o item apenas como mais um entre outros aspectos a compor a avaliação final.O presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), Edson Nunes, diz que o artigo da lei é frágil por dar margem a várias interpretações. Para ele, houve descuido do governo, "que criou suas próprias universidades sem produção intelectual e credenciou instituições com base em precária verificação de pesquisa"."Mas não adianta culpar o MEC. Uma lei ruim, que define universidade por operação aritmética, só produz regulação ruim", afirma Nunes.No ano passado, a pedido do MEC, o CNE enviou parecer, ainda não homologado, sobre a aplicação da lei e com outras sugestões para o setor. A mais rígida era a exigência de mais de cinco programas de pós-graduação stricto sensu, sendo ao menos um de doutorado.Em 2006, 62% das universidades não cumpririam esse critério. O percentual era de 79% entre privadas, 64% nas estaduais e 28% em federais.

domingo, 11 de maio de 2008

Dia das Mães - Sudão


Chade e Sudão






Fotos de refugiados no Chade e no Sudão
Créditos
Foto2: Omar Odeh
Foto3: Omar Odeh
Foto4: LNS Art


*If you are the author of any photo posted here I put your credits. Email me: kinnara@iname.com

Imagens da semana - Bom Dia Brasil

http://bomdiabrasil.globo.com/Jornalismo/BDBR/0,,AA1680549-3682-825371,00.html

Darfur - A crise explicada

22/02/2007
Alex de Waal*
A guerra na região de Darfur, no Sudão, deixa perplexos tanto especialistas em África quanto diplomatas experientes, de forma que não causa surpresa deixar confuso o público em geral. Este guia para o conflito responde dez perguntas simples.

1. Onde fica Darfur?
Darfur é a região mais a oeste do Sudão, o maior país da África. Ela se espalha pelo deserto do Saara, pelas savanas secas e florestas da África central. Ela é maior que a França, apesar de esparsamente povoada. A população de Darfur vive da terra, a cultivando durante a estação das chuvas (junho-setembro) e criando animais.
Darfur foi um sultanato independente de cerca de 1600 até 1916, quando foi integrado ao vizinho Sudão e se tornou o maior território a ser absorvido pelo império britânico. Após a independência do Sudão em 1956, Darfur foi negligenciado, com pouco desenvolvimento econômico.

2. Quem são os darfurianos?
Cerca de um terço da população de Darfur (cerca de 6,5 milhões no total) é composta de descendentes de árabes que migraram pelo Saara entre os séculos 14 e 18, se casando com os habitantes locais de forma que a maioria é fisicamente indistinguível de seus vizinhos não-árabes. Darfur também tem uma longa história de migração da África Ocidental.
Todos os darfurianos são muçulmanos e a maioria é seguidora da seita sufi Tijaniyya, originária do Marrocos.

3. Como o Sudão é governado?
Os governos pós-independência do Sudão (população atual de 40 milhões) foram todos dominados por uma elite de Cartum, a capital do país. A orientação árabe e islâmica desta elite provocou rebeliões no sul do Sudão entre a população não-árabe daquela região, a maioria cristãos e teístas. Os darfurianos também foram marginalizados pelos governos sudaneses, apesar de muitos fazerem parte do Exército.
Em 1989, um golpe militar levou o presidente Omer al Bashir ao poder, mas ele foi ofuscado por Hassan al Turabi, que buscou formar um Estado islâmico. A militância de Turabi exacerbou a guerra no sul cristão, provocou a hostilidade dos vizinhos do Sudão e levou a um isolamento internacional.Falidos e exaustos, os islamitas começaram a brigar entre si em 1999 e Bashir prendeu Turabi. Determinado a manter o poder, Bashir buscou a paz no sul, assinando um "acordo de paz abrangente" com o Exército de Libertação do Povo Sudanês (SPLA), em janeiro de 2005. Enquanto isso, Darfur foi se tornando cada vez mais ingovernável. As armas eram abundantes, importadas de guerras civis no sul do Sudão e no Chade.

4. Por que a guerra começou?
Os primeiros confrontos armados em Darfur ocorreram em 1987, quando a milícia árabe chadiana - armada pela Líbia como parte da tentativa de Gaddafi de controlar o Chade - foi empurrada para Darfur pelas forças chadianas e francesas.
Em 1991, o SPLA tentou instigar uma rebelião em Darfur mas foi esmagado pelo exército sudanês e por uma milícia árabe. Novos confrontos ocorreram esporadicamente ao longo dos anos 90, provocados pelas disputas por terras e rebanhos. Em cada caso, enquanto os líderes locais tentavam promover conferências de paz intertribais, os serviços de segurança respondiam com táticas dividir-e-governar, geralmente armando a milícia árabe e tentando desarmar os grupos de defesa das aldeias. Em nenhum momento as causas por trás do descontentamento - a pobreza e marginalização de Darfur - foram tratadas.

5. Quem são os rebeldes darfurianos?
Em 2002, grupos de defesa da aldeia Fur começaram a se organizar e as unidades Zaghawa começaram a receber armas de seus parentes no exército chadiano (sem conhecimento do presidente). Com apoio do SPLA, eles formaram o Exército de Libertação do Sudão (SLA), promoveram ataques a guarnições do governo e publicaram um manifesto. Mas as alas Fur e Zaghawa do SLA fracassaram em cooperar. Enquanto o SLA de Abdel Wahid contava com grande apoio popular, a ala Zaghawa, liderada por Minni Minawi, era militarmente mais agressiva. Explorando a ausência de Abdel Wahid de Darfur - ele estava percorrendo o mundo para obter apoio- em novembro de 2005, Minawi convocou uma reunião e se elegeu presidente, criando uma divisão irreversível. Daí em diante, as duas alas começaram a enfrentar uma à outra assim como ao governo de Cartum.
Em março de 2003, os islamitas dissidentes recém derrubados do poder em Cartum criaram o Movimento Justiça e Igualdade (JEM) e se juntaram à rebelião do SLA. Menor e mais coeso que o SLA, o JEM se apóia na base de seu líder, Khalil Ibrahim, entre o clã Kobe de Zaghawa.

6. Quem são os janjaweed?
Os janjaweed originais dos anos 80 eram uma coalizão de milicianos árabes chadianos e um punhado de nômades árabes darfurianos. Por anos, estes milicianos foram tolerados e apoiados de forma intermitente por Cartum. Quando a insurreição do SLA ganhou força, o governo recorreu aos janjaweed como vanguarda de sua contra-insurreição.
Desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia o desarmamento dos janjaweed, o governo absorveu um grande número de milicianos em seu exército e continua a empregá-los contra aldeões suspeitos de apoiarem os rebeldes.

7. É genocídio?
Em julho de 2004, os Estados Unidos iniciaram uma investigação sobre se as atrocidades em Darfur constituíam genocídio. A conclusão, anunciada pelo então secretário de Estado, Colin Powell, era que sim. Mas para desalento dos ativistas, Powell disse que isto não resultaria em nenhuma mudança na política americana. Em vez disso, ele encaminhou o assunto para o Conselho de Segurança da ONU, cujas investigações apontaram que ocorreram crimes de guerra e outras violações "tão hediondas quanto genocídio" em Darfur, mas que a acusação de genocídio era injustificada. O Conselho de Segurança encaminhou o assunto ao Tribunal Penal Internacional, que deverá emitir seus primeiros indiciamentos em breve.
Grandes organizações de direitos humanos e agências humanitárias se recusam a usar o termo "genocídio" em Darfur. A análise delas é de que Darfur não se trata de uma tentativa deliberada de exterminar um grupo, como no Holocausto e Ruanda, mas sim de crimes contra a humanidade cometidos ao longo de uma contra-insurreição.

8. Quem está protegendo os civis?
Após negociações na capital chadiana em abril de 2004, Cartum e os rebeldes concordaram em um cessar-fogo, que seria monitorado por uma equipe de observadores da União Africana (UA). O cessar-fogo foi violado por ambos os lados, o que tornou impossível a tarefa da Missão da União Africana no Sudão (Amis). A Amis foi ampliada para 7 mil soldados, mas suas operações foram atrapalhadas pela escassez de fundos e combustível -assim como pelo mandato fraco que não lhe permitia proteger todos os civis em risco.
A Casa Branca decidiu que a Amis deveria ser substituída por uma força de paz maior da ONU, com autoridade para uso de força. Nos últimos 18 meses, os esforços para impor esta força a um Sudão relutante consumiram grande parte das energias diplomáticas empregadas pelo Ocidente em Darfur. O presidente Omer al Bashir fincou o pé e rejeitou qualquer papel militar da ONU.

9. Por que as negociações de paz fracassaram?
A UA realizou sete rodadas de negociações de paz, culminando em uma sessão contínua de seis meses na capital nigeriana, de novembro de 2005 a maio de 2006. Sob severa pressão, especialmente dos Estados Unidos, Cartum e Minawi concordaram. O líder do JEM, Khalil Ibrahim, rejeitou o pacote de imediato. Abdel Wahid, que conta com o maior apoio em Darfur, também rejeitou. Após a assinatura do acordo, Minawi foi desertado pela maioria de seus comandantes.

10. O que precisa ser feito?
Desde maio passado, uma combinação de cinismo do governo e liderança errática dos rebeldes levou a um agravamento da crise em Darfur. A guerra se intensificou e agora é em parte uma guerra por procuração entre o Chade e o Sudão, com cada lado apoiando os rebeldes do outro. Uma reunificação dos rebeldes é necessária antes que qualquer negociação significativa possa ser realizada.
Uma solução política de Darfur está agora mais distante do que em qualquer momento desde que a guerra teve início. Esta complexidade frustrante não é motivo para outra solução rápida mal acabada: é motivo para tratar dos processos políticos complicados mais seriamente.

*Alex de Waal é diretor do Social Science Research Council, uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York
Tradução: George El Khouri Andolfato
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/prospect/2007/02/22/ult2678u70.jhtm