03 de junho de 2008
Só em abril, floresta amazônica perdeu área equivalente à da cidade do Rio de JaneiroEntre agosto de 2007 e abril de 2008, governo detectou 5.850 km2 desflorestados, contra 4.974 km2 de agosto de 2006 a julho de 2007
Mesmo antes de terminar o período de observação da Amazônia -que vai até julho-, dados de satélite apontam que o desmatamento já superou o total visto no intervalo anterior. Entre agosto de 2007 e abril de 2008, o Deter, sistema de detecção em tempo real do governo, enxergou 5.850 km2 desflorestados. Entre agosto de 2006 e julho de 2007, o mesmo sistema viu 4.974 km2.
"O importante é que continua havendo a tendência de aumento mensurável de desmatamento", disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
De acordo com ele, os dados do Deter demonstram "que será difícil manter a mesma taxa" de desmatamento de 2007, que foi de 11.200 km2 -equivalente a sete vezes e meia a cidade de São Paulo. Mas ainda não se pode dizer qual será o total do desmatamento de 2007/2008.Primeiro porque ainda faltam as análises de maio, junho e julho, quando a Amazônia fica seca e o desmate é mais alto. Depois, porque apenas no segundo semestre o governo divulga o dado anual do sistema Prodes, mais preciso que o Deter e usado para cálculo efetivo da área desmatada.
"Colhe-se o que se plantou. Você aumenta a exportação de ferro-gusa com carvão de floresta nativa, triplica os frigoríficos, titula ocupações de até 1.500 hectares, licencia obras ilegais e ainda não cobra as multas. Depois espera o quê? Considerando que só há dados sobre Mato Grosso e Roraima, a tendência é de termos um ano entre os piores, voltando à casa dos 20.000 km2", disse Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra.
Em abril, as nuvens "colaboraram" e o Inpe conseguiu detectar um desmatamento recorde nos últimos meses na Amazônia Legal: 1.123 km2. O número, equivalente à área do município do Rio de Janeiro, é maior do que o desmatamento observado nos meses de dezembro e de novembro passados (943 km2 e 974 km2 respectivamente), quando a devastação explodiu e fez o governo anunciar uma série de ações.
Mato Grosso foi, como o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) já havia antecipado, o líder em desmatamento no período, com 794,1 km2. O Estado teve pouca cobertura de nuvens (14%), o que possibilitou melhor análise da região.
Pará e Amapá, por exemplo, tiveram 89% e 94% de cobertura de nuvens, respectivamente. Em segundo lugar ficou Roraima, com 284 km2, e em terceiro, Rondônia, com 34,6 km2. Este último foi citado como o Estado mais degradado proporcionalmente, enquanto Amazonas é o mais preservado.
No mês de março, haviam sido detectados 145 km2 de desflorestamento. Entretanto, não se pode dizer que houve aumento expressivo de um mês para o outro porque em março as nuvens atrapalharam muito a visualização -78% da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, contra 53% de abril.
"Em Mato Grosso as más notícias estão reveladas, agora que a cobertura de nuvens diminuiu", disse Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Câmara disse que não é possível avaliar, no momento, se os desmatamentos encontrados são corte raso ou áreas em processo de desmatamento por degradação florestal (quando ainda existem árvores na área).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0306200802.htm
sábado, 7 de junho de 2008
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