Eleito no Paraguai quer rever Itaipu; Lula recusa

Fernando Lugo sugere mediação de outro país da América do Sul
Última atualização 22/04/2008@00:56:36 GMT-3
O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, disse que espera conversar o mais breve possível com Lula sobre a renegociação do tratado de Itaipu que, segundo ele, permitiria que o Paraguai obtivesse mais recursos para combater a pobreza.
Hoje, o Brasil paga quase US$ 300 milhões ao Paraguai pela compra de parte da energia que deveria ir ao país vizinho. Segundo Lugo, o valor de mercado seria de US$ 1,5 bilhão a US$ 3 bilhões.
Em Gana, onde participa de uma conferência da ONU, o presidente brasileiro saudou a vitória de Lugo, mas disse que não vai renegociar. “Temos um tratado que será mantido.”Caso um acordo não seja alcançado, Lugo propõe a intermediação de outro país da região. Analistas acreditam que tal país poderia ser a Venezuela. Lugo, que assume em 15 de agosto, vai viajar pela América do Sul e já anunciou que pretende estreitar laços com a Bolívia, outro produtor de matriz energética, o gás, e forte aliado do venezuelano Hugo Chávez.

Feito
Fernando Lugo é ex-bispo católico, conhecido por apoiar a Teologia da Libertação. Ele deixou a igreja e, com um discurso voltado ao combate à pobreza e à corrupção, venceu a eleição com 40% dos votos, tirando do poder o Partido Colorado, que comandou a política paraguaia por 61 anos.

Entenda o tratado
Itaipu gera em média 92 mil GigaWatts-hora por ano (quase 20% da energia consumida no Brasil). O mercado paraguaio tem direito a 50% da energia, mas absorve 10%, devido ao pequeno tamanho de sua população e economia. O resto é repassado ao Brasil. O acordo que define o valor do repasse será revisto em 2023. Lugo quer antecipá-lo.
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