domingo, 14 de setembro de 2008

Neurocirurgião dá dicas sobre medicina

'Voz da Experiência
'Tudo na vida são '10% talento e 90% de esforço', diz Paulo Niemeyer

O Globo
RIO - Este ano, o médico Paulo Niemeyer completa 33 anos de profissão, nas palavras dele, em "constante aprendizado". E sua dica para quem almeja exercer a medicina é resumida em uma palavra, repetida três vezes: "Estude, estude, estude". Dedicação, para um dos mais respeitados neurocirurgiões do país, é a receita para o sucesso profissional. Dividindo-se atualmente entre seu consultório na Clínica São Vicente e a Santa Casa de Misericórdia, ele recebeu a Megazine entre uma cirurgia e outra. Filho de um também renomado neurocirurgião, de quem herdou o nome, ele afirma não ter tido dificuldades para optar pela carreira. "Não me imagino fazendo outra coisa. Quem quer medicina não pode esperar ganhar muito dela, ao contrário; quem quer ser médico tem que dar muito de si", diz.

Leia mais: Informações sobre o curso de medicina e o mercado de trabalho

Quanto tempo é necessário para se formar um neurocirurgião? (Alex Nimaschin)
PAULO NIEMEYER:Sem querer desanimar os estudantes, demora pelo menos 20 anos. São seis anos de faculdade e cinco de residência, mas, nesse tempo, você viu muita coisa, mas fez muito pouco. Ainda leva mais uns dez anos para aprender. É uma especialidade que exige um longo treinamento, por ser muito complexa.

Gostaria de saber se as universidades públicas realmente promovem uma formação melhor e se isso faz uma grande diferença, futuramente, no mercado de trabalho (Caio Fernandes)
NIEMEYER: A faculdade ajuda, mas o sucesso na profissão vai depender do estudo, do empenho. A pessoa pode estar numa faculdade boa e não aproveitar, enquanto outra pode estar numa faculdade mediana e usufruir de tudo que ela proporciona. Acredito que as públicas têm mais recursos, uma vez que elas, particularmente, $êm uma forte ligação com a pesquisa. Mas o sucesso, certamente, vem do interesse de cada um.

"A faculdade ajuda, mas o sucesso na profissão vai depender do estudo, do empenho"

O que é necessário para ser um bom médico? Ser um bom profissional está relacionado a algum dom ou seria apenas esforço? É verdade que o estudante de medicina não tem vida, só vive para estudar? (Mariana Impagliazzo)
NIEMEYER: Tudo na vida são 10% de talento e 90% de esforço. Na medicina é igual. Para ser um bom médico, você tem que ser muito esforçado, trabalhar muito, estudar muito. Não tem outro jeito. Este mito de que o médico não tem vida é relativo: se você gosta muito da medicina, ela vai ser sua vida e você será um médico feliz. Mas, realmente, é uma fase que exige muita dedicação e exclusividade.

Vou prestar vestibular este ano para medicina e gostaria de saber o que é mais difícil na profissão e qual o maior desafio para quem $de entrar na faculdade. (Tayane Chaul)
NIEMEYER: O maior desafio para o estudante de medicina é escolher a área de atuação. É comum o estudante gostar de tudo. A escolha, na verdade, vai depender do temperamento de cada um. O importante é afastar o que não se quer fazer primeiro e, por eliminação, chegar à especialidade de que se gosta mais. $, os estudantes descobrem logo se querem ou não ser cirurgiões...

Quais as especialidades mais atrativas, considerando o mercado de trabalho? (Regina Coelho)
NIEMEYER:Todas as especialidades têm demanda. Para ter sucesso na medicina, é preciso diferenciação. Muitas vezes, o recém-formado sai da faculdade, monta um consultório e começa a trabalhar. E aí começa a ganhar dinheiro como um profissional experiente, mas fica acomodado nesta situação e perde ao não se especializar, se diferenciar no mercado. Para ter sucesso, é importante se dedicar ao estudo, fazer uma pós-graduação. O médico pode ser bem-sucedido em qualquer especialidade.

Qual a sua opinião sobre a carreira para um recém-formado, do ponto de vista do cargo em instituições públicas, condições de trabalho e a necessidade de atualização. Vale a pena $médico na atualidade e no Rio de Janeiro? (Gus Vidal)
NIEMEYER:Vale a pena ser médico, sim. A medicina é uma profissão em constante evolução. Tem uma série de dificuldades, mas uma série de vantagens. O serviço público não deve ser uma meta para o médico, que deve encará-lo como uma passagem, a não ser que ele tenha a intenção de fazer uma carreira universitária. Obviamente, é importante passar pelo serviço público, pela questão da prestação de serviço à sociedade e retribuição a ela pelo conhecimento que lhe foi dado. O meu trabalho na Santa Casa me traz uma grande satisfação pessoal.

O senhor acha que o fato de a residência não ser obrigatória para o exercício da medicina no Brasil faz com que o mercado receba profissionais malpreparados? Isso baixa o nível da medicina praticada no país? (Renato Berger)

NIEMEYER: A residência é muito importante e fundamental para quem $fazer cirurgia, uma vez que você tem que operar sob supervisão. E é difícil passar, é praticamente um segundo vestibular, mas deve ser o objetivo de todos, porque quem não faz residência fica com uma formação deficiente. Não é um problema com uma solução imediata, mas uma delas seria a redução do número de escolas de medicina. O número de formandos é maior do que as vagas ofereci$ para residentes e, às vezes, maior até do que a demanda nas grandes cidades. As associações médicas têm lutado pela redução do número de faculdades por causa disso.

"O maior desafio para o estudante de medicina é escolher a área de atuação"

A medicina é uma carreira que, entre outras coisas, exige preparo psicológico, já que, muitas vezes, o médico é obrigado a lidar com a morte de seus pacientes. Um estudante que aspira ao curso de medicina deve possuir uma certa frieza para não sofrer com essas ocasiões? (Ralph Guichard)
NIEMEYER: Com o dia-a-dia da profissão, o médico vai aprendendo a se proteger, porque a relação com o paciente tem que ser profissional, não emocional. Então, ele vai sentir a perda de um paciente porque nenhum profissional dedicado gosta de perder um paciente. O médico tem sempre um sofrimento, mas ele é relativo, muito mais relacionado à frustração de não ter resolvido aquele caso do que pela perda de um ente, como a família sofre. Com $amadurecimento, isso se resolve.

A relação médico-paciente está caminhando para o modelo impessoal do caixa eletrônico: insere o cartão, digita a queixa, recebe a prescrição. O aparelho formador do médico, capacitando técnicos, mas se esquecendo de desenvolver atitudes, não precisa ser mudado? (José Teixeira)
NIEMEYER: Essa relação vai depender muito do próprio médico. Se ele tratar a pessoa como um paciente e não como um freguês, ele vai ter uma boa relação. É difícil ensinar isso na escola, isso se aprende com o exemplo de colegas mais velhos, na residência e com a própria educação do médico. É uma tendência, mas pode ser amenizada se o profissional tiver a consciência de manter uma relação mais humana.
http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2008/04/21/tudo_na_vida_sao_10_talento_90_de_esforco_diz_paulo_niemeyer_no_voz_da_experiencia_-426983574.asp

3 comentários:

Anônimo disse...

Não tenho condicões de pagar um curso de Medicina, mas tenho um grande desejo de estudá-lo. como eu fasso para trabalhar e estudar??

Dra. Carla disse...

Em resposts à Andressa... Começe a estudar desde já (ou seja... passe a escrever faço, não fasso) e tente prestar vestibular para uma escola pública, porque se você quiser ser uma boa médica e terminar a faculdade a tempo, é impossível trabalhar enquanto estuda medicina...

Anônimo disse...

De fato a vida de estudante de medicina é uma constante voltada ao estudo e aperfeiçoamento,estou me pré-parando para entrar na USP e com a meta de me transferir para HARVARD,acredito na capacidade que tenho em realizar metas ambiciosas,para todos os que queram dialogar sobre o estudo de medicina entre em contacto no vitta_last@hotmail.com,para trocarmos ideias,conhecimentos,dicas e ormações.