domingo, 14 de setembro de 2008
De um lado, o governo Evo Morales, recém-ratificado nas urnas com mais de dois terços dos votos e com a intenção de levar a consulta popular uma nova Constituição. Do outro, a elite dos departamentos mais ricos da Bolívia, que pleiteia autonomia para administrar seus abundantes recursos naturais e cujos governos também foram referendados em agosto.
No meio, o Brasil, que depende amplamente da Bolívia para suprir seu consumo de gás.
O conflito boliviano, que se arrasta há tempos, se acirrou na última semana, com os oposicionistas radicalizando as ações contra o governo. Nos cinco departamentos onde estão no poder, tomaram aeroportos, prédios governamentais e, crucial para o Brasil, danificaram instalações de gás.
Na quinta, chegou a ser cortado por horas o fornecimento de 50% dos 31 milhões de metros cúbicos diários que o Brasil recebe. O problema foi sanado, mas o governo Lula mantém um plano de contingência, que inclui o fechamento de termelétricas e o uso de outros combustíveis na indústria.
Já para a Bolívia, o mais grave foi a morte de ao menos 14 pessoas em Pando em conflito entre opositores e camponeses. Na sexta, o governo decretou estado de sítio no departamento amazônico. Com o cabo-de-guerra político entre presidente e governadores instaurado, não há como prever quando a temperatura vai arrefecer.
A crise resvalou ainda na diplomacia. Morales expulsou o embaixador dos EUA, acusando-o de conspirar contra seu governo. Solidário, Hugo Chávez replicou a expulsão na Venezuela. Disse ainda que apoiaria "qualquer movimento armado" para defender Morales.
O comentário não foi bem-vindo. As Forças Armadas bolivianas, até então silenciosas, disseram que não permitirão que nenhuma força estrangeira pise seu território.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/corrida/cr1409200801.htm
domingo, 14 de setembro de 2008
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