Destak, 04/11/2008
Nova empresa desbanca Banco do Brasil; além de integração de caixas, por enquanto nada mudará para correntistas
Para ministro, união fortalece sistema financeiro brasileiro
A fusão dos bancos Itaú e Unibanco deve fortalecer o sistema financeiro nacional e evitar problemas na liberação de crédito no país, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"É importante, pois solidifica os dois bancos. É normal que, em um momento de turbulência, você tenha um movimento de fusões. São dois bancos tradicionais, dois bancos sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica", disse.
Mantega reconheceu que a fusão vai aumentar a concentração do sistema bancário, mas afirmou que esse fator é positivo na medida em que fortalece as instituições . A opinião é compartilhada por Henrique Meirelles, presidente do Banco Central. Em nota, ele diz que a "iniciativa contribui para o fortalecimento do sistema financeiro na atual conjuntura".
Analistas concordam e avaliam o negócio como uma forma do Itaú ganhar escala e se internacionalizar. A decisão, dizem, não é reflexo da crise, mas um modo de enfrentá-la.
O Itaú e o Unibanco, segundo e quarto maiores bancos no Brasil, anunciaram ontem a fusão de suas operações, criando a maior companhia do setor do país e a 17ª maior instituição financeira do mundo, com capacidade para competir no mercado global.
A empresa resultante será a Itaú Unibanco Holding, maior banco do Hemisfério Sul, que ultrapassa o Bradesco e o Banco do Brasil, até então maiores bancos privado e público do país, em tamanho.
Juntos, os bancos detêm 14,5 milhões de contas de pessoas físicas, 18% do mercado. Nas contas jurídicas, são 2 mil correntistas. Roberto Setúbal, líder do Itaú, será o presidente executivo da nova holding.
Ele negou que a operação seja uma compra do Unibanco pelo Itaú como conseqüência da crise financeira global. Setúbal afirmou que a criação da holding demonstra a parceria, pois os controladores do Unibanco ficaram com 50% das ações. "Estamos abrindo mão [de 100%] para formar uma coisa maior, mais importante para o Brasil", disse Setúbal em entrevista coletiva ao lado de Pedro Moreira Salles, diretor executivo do Unibanco que assumirá a presidência do conselho de administração do novo banco.
Para Setúbal, a crise serviu de catalisador para fechar o negócio, costurado em sigilo nos últimos 15 meses.
Meta
Os executivos afirmaram que, por enquanto, nada muda para os correntistas. Haverá apenas a integração dos caixas eletrônicos.
Segundo Salles, a meta do novo banco é tornar-se "player global" em cinco anos. Ele lembrou que o Itaú já possui operações em países como Chile, Uruguai e Argentina. l
Ações dos bancos disparam na Bolsa
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta de 2,66%, puxada pelas ações dos bancos brasileiros. Agentes de mercado avaliaram positivamente a operação, pois ela abriria perspectivas de aquisições por parte do Bradesco e do Banco do Brasil, que devem brigar pelo segundo lugar no mercado. As ações do Itaú ganharam ontem 16,36%, as do Unibanco, 8,95% e as do Bradesco, 4,42%.
Bancários temem demissões; nova companhia nega
Os sindicatos dos bancários temem que a união dos dois bancos gere desemprego e afirmam que o negócio é ruim para o país.
O maior temor é que agências próximas fechem. Roberto Setúbal, presidente do Itaú, disse, no entanto, que a intenção é manter as agências e que não haverá programas de demissão.
Moreira Salles, presidente do Unibanco, afirmou até mesmo que o plano da fusão é de crescimento, para que daqui a quatro anos a nova empresa gere empregos.
A Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro entende que o negócio é ruim também para clientes, "porque diminui a competição e a possibilidade de redução dos juros ao consumidor, do spread e das tarifas".
http://www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=15,4007
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