segunda-feira, 13 de abril de 2009

Adriano pode ir para uma clínica de reabilitação

Parecia indisciplina, farra, desleixo com a carreira.
Tédio com os milhões de euros guardados e os milhares recebidos religiosamente.
Mas o problema de Adriano se mostrou muito mais sério do que as pessoas próximas imaginavam.
Ou não queriam ver.
"O Adriano é uma pessoa meiga, simples, educada.
O que ele está fazendo não é indisciplina.
Não está aprontando contra a entidade Inter de Milão.
Está fazendo contra ele.
Chegou a hora dele ser cuidado."
As frases são de Carlos Alberto Parreira.
Enquanto o treinador dava ontem entrevista a Sportv, o empresário Gilmar Rinaldi tomava as primeiras providências em relação ao Imperador.
Do Rio de Janeiro, ele ligava para a direção da Inter de Milão e acertava detalhes sobre o que fazer.
Depois de confirmar ao presidente Maximo Moratti o que todos sabiam, que Adriano havia ficado mesmo dias na favela, no Morro da Chatuba, chegava a hora das providências.
Com o sumiço do jogador depois da da partida contra o Peru, Gilmar resolveu assumir a figura paterna de Adriano.
O pai verdadeiro, Almir Ribeiro, morreu em 2004, com 46 anos.
Ele tinha uma bala alojada na cabeça. Tomou um tiro em um festa, na favela em que Adriano cresceu.
A bala não pôde ser retirada. Almir viveu anos com ela e sentia fortes dores de cabeça, para agonia do filho jogador.
Mesmo assim, o pai sempre esteve ao seu lado em todos os momentos.
Até que veio a morte inesperada, quando, orgulhoso, acompanhava o início do sucesso do filho.
Desde então, o atleta se perdeu.
As festas, os atrasos, os escândalos.
Depois do auge da Copa América, Copa das Confederações, quarteto mágico.
Veio a decadência.
Já na Copa da Alemanha, foi uma sombra dele mesmo.
A direção da Inter resolveu emprestá-lo para o São Paulo.
A fama do clube brasilero, de organizado, bem estruturado fez os italianos liberá-lo.
Sonhavam os italianos, que o Imperador voltaria recuperado depois da Libertadores.
"Ele nos ajudou. Fez o que pôde aqui no São Paulo. Mas infelizmente não jogou o que se esperava", diz, de forma resumida, Muricy Ramalho.
Na verdade, Adriano fez muita festa na Capital paulista.
Arrependida, a diretoria são-paulina assumiu internamente que errou ao contratá-lo. Nem tentou o reempréstimo.
Adriano não gostou e nem quis fazer partida de despedida do São Paulo.
No final de 2008, a Inter tentou trocá-lo por Drogba do Chelsea.
Luiz Felipe Scolari, que sabia dos problemas de Adriano, disse não.
A maior desconfiança de todos é o consumo de drogas.
"O Adriano não usa drogas de maneira alguma.
A Inter faz exames periódicos, todos os meses, nos jogadores.
O problema dele não está nas drogas.
Mas ele tem um problema grave", admite, abatido, Gilmar.
Desde que o pai morreu, Adriano tem períodos de profunda tristeza, depressão.
As pessoas próximas a ele, jornalistas italianos e brasileiros são unânimes em relação ao alto consumo de álcool.
Gilmar Rinaldi quer resolver de vez a questão com Adriano.
Após vários telefonemas com dirigentes da Inter e conversar com familiares e com o próprio jogador, a decisão está se desenhando.
A vontade de Gilmar é enfrentar todos os preconceitos no mundo do futebol.
E internar Adriano em uma clínica de reabilitação.
Por uma questão de privacidade, o melhor local seria a Europa.
A direção da Inter está propensa a aceitar a solução.
E promete acompanhá-lo até se ele quiser se tratar no Brasil.
"Nós estamos tristes pelo Adriano.
Queremos a recuperação do ser humano agora.
Que ele faça o melhor para acabar com o problema que está vivendo
O Adriano precisa de apoio", afirma, preocupado, o treinador José Mourinho.
Adriano tem três filhos.
Escrito por Cosme Rímoli às 09h31
http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/

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