São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009
ELIANE CANTANHÊDECOLUNISTA DA FOLHA
Ao fechar com a França o maior contrato militar da história brasileira, de R$ 22,5 bilhões, na área de submarinos e helicópteros, o governo gerou uma onda de mal-estar ao também anunciar a preferência pelo avião Rafale, da francesa Dassault, para renovar a frota da Força Aérea Brasileira.
Diante da repercussão aqui e lá fora, já que que o relatório técnico da Aeronáutica nem concluído está, o Ministério da Defesa teve de lançar nota na terça, dia seguinte ao do comunicado, dando o dito pelo não dito. Disse que o processo de seleção não tinha terminado e que, portanto, os outros candidatos, o F-18 da Boeing (EUA) e o Gripen NG da Saab (Suécia), continuavam na disputa.
A partir daí, a semana foi tomada por manifestações explícitas de apoio do governo -Defesa, Itamaraty e Planalto- à proposta francesa. E, como reação, por declarações dos EUA e da Suécia em defesa de seus produtos. O negócio dos caças pode chegar a R$ 10 bilhões.
No meio do fogo cruzado, a Aeronáutica evitou declarar sua preferência. À Folha o comandante da Força, Juniti Saito, defendeu o processo de análise técnica, mas admitiu que a decisão é política e estratégica -em última instância, de Lula.
O clima de pressão tende a aumentar até o dia 21, quando comissão da Aeronáutica encerra a coleta de propostas para fechar o relatório. Há dúvidas, porém, se o trabalho terá algum peso na decisão de Lula, que tende a favor do Rafale.
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