domingo, 27 de setembro de 2009

Chávez e Zelaya roubam a cena em semana do G20

São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

ELIANE CANTANHÊDE

COLUNISTA DA FOLHA

Com imenso senso de oportunidade, o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, e o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, roubaram a cena e as páginas internacionais na semana em que deveriam brilhar a ONU (Organização das Nações Unidas) e o G20 (o grupo ampliado de países que dão as cartas no mundo).
Chávez emprestou a estratégia e um avião venezuelano para Zelaya chegar a El Salvador e, dali, entrar por terra em Honduras, voltar à capital do país e se meter na Embaixada do Brasil, país que tem peso político e econômico, além de ser razoavelmente neutro entre Washington e Caracas.
A operação foi na segunda-feira passada, dia 21, e desde então tudo gira em torno disso, inclusive o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral anual da ONU.
O seu grande momento, aquele de arrancar aplausos, foi justamente quando ele condenou os golpistas hondurenhos e pediu ação internacional para a defesa da embaixada brasileira e a volta à normalidade institucional no país.
A volta de Zelaya a Tegucigalpa interrompeu o processo da eleição presidencial marcada para 29 de novembro, deixou a Embaixada do Brasil vulnerável dentro (a dezenas de simpatizantes zelaystas) e fora (a manifestantes e a militares com gás lacrimogêneo).
Os relatos são grotescos, com brasileiros e hondurenhos sem banho durante dias, comendo pizzas frias e biscoitos adormecidos e dormindo por sofás, cadeiras e colchonetes. E sem perspectiva de solução.
Diante do impasse, a ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos), nas quais a força predominante é dos Estados Unidos, pressionam para que Zelaya e o presidente de fato, Roberto Micheletti, negociem e acertem os termos das eleições. Até lá, Zelaya fica, enquanto o governo brasileiro se debate na armadilha que o presidente deposto e Chávez criaram para o Brasil.

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