sexta-feira, 18 de março de 2011

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A escalada: do ritual de passagem ao uso recreacional e a dependência drogas

By Daniel

Created 25 mar 2010 - 6:15pm

Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância química que age principalmente no sistema nervoso central, onde altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o humor, o comportamento e a consciência. Essa alteração pode ser requerida para fim recreacional (alteração proposital da consciência), rituais ou espirituais (uso enteógeno ou enteogénico, Daime, DMT, etc.), científicos (funcionamento da mente) ou médico-farmacológico (como medicação).

A progressão do uso de substância é vista como um aumento no consumo ou aumento dos problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

Freqüentemente, imperceptível para o usuário, a substância psicoativa assume um papel cada vez mais importante, tendo como conseqüência o aumento de problemas decorrentes do uso da substancia.

Mesmo que a experimentação inocente possa ser inofensiva para muitos, para outros serve como uma introdução ao uso recreativo de drogas.

Embora tenhamos observado casos em que os indivíduos estabelecem uma relação problemática quase instantânea com álcool ou outras substâncias psicoativas, a progressão para um transtorno por uso de substância (SUD: Substance Use Disorder) geralmente acontece em três etapas.

Como veremos adiante, cada estágio é totalmente independente do seu estágio seguinte.

Mas não poderíamos prosseguir sem nos perguntarmos:

  1. O que separa um estágio do próximo? 
    Por exemplo, o que separa o uso experimental do uso recreacional?
  2. O uso de uma substância pela segunda vez significa que o usuário/experimentador passou de experimental para recreativo?
  3. Se eu fumar maconha hoje e novamente fumar maconha amanhã, isso me "promoveria" de experimentador a usuário recreacional?
  4. Será que faltar apenas um dia de trabalho, em conseqüência do uso de substancias, poderia ser considerado uma conseqüência do uso de drogas? Nesse caso, seria um indicador de abuso de substancias?
  5. E se eu deixasse de comparecer ao trabalho várias vezes? Seria um indicador de abuso ou dependência?
  6. Ou talvez... dirigir sob efeito de álcool e outras substâncias me colocaria na categoria "usuário recreacional" ou "usuário dependente"?

Como vimos, nas perguntas acima, o limite entre uso experimental, uso recreativo e uso abusivo é muito tenue e só pode ser percebido quando o usuário ultrapassa o estágio anterior.

A progressão do uso de substancias, ou escalada como alguns dizem, não é um processo inevitável e nem sempre é previsível, mas quando o usuário atinge a próxima fase, é como se fosse previsível.

O termo "Escalada" refere-se ao envolvimento progressivo com drogas, dividindo-se em:

  1. Escalada qualitativa: 
    passagem de um consumo de drogas "leves" para o uso de drogas "pesadas".
  2. Escalada quantitativa: 
    passagem de um consumo ocasional a um consumo intenso, contínuo ou crônico.

 
 

 É mais comum o usuário entrar em uma escalada quantitativa - única droga de forma mais freqüente, também pode passar a misturar várias drogas, à procura de efeitos permanentes ou mais fortes, porem a grande maioria dos usuários não entra em escalada.

 
 

Inicialmente, o uso de substâncias psicoativas é por motivo médico ou experimental.

A progressão a transtorno por uso de substância:

Fase um: 
O uso experimental, geralmente ocorre na pré-adolescência, época em que qualquer consumo de substância psicoativa pode sair do controle. Porem, nos Estados Unidos a epidemia de cocaína na década de 1980 desafiou esta regra e indivíduos na faixa etária de 21-35 anos representaram uma grande parcela de novos usuários durante toda década de 80, principalmente após surgir à cocaína em sua forma fumada (conhecida como crack). Ainda assim, nem todos os usuários progrediram de uso experimental ao uso recreacional.

Fase dois: 
O uso recreacional de álcool e outras drogas, não conduz necessariamente a padrões problemáticos de utilização. Por exemplo, a maioria da população, faz uso da droga álcool e/ou nicotina, sem uma evidente progressão a outras drogas ou sem graves incidentes. Logo se entende que o uso recreativo da droga "álcool" ou "nicotina" não catapulta o usuário a dependência do mesmo (pelo menos não imediatamente)

Fase três: 
O uso de substâncias é considerado um "transtorno" ou "uso de maneira problemática" quando o individuo se enquadra nos critérios para:

  • Abuso de substância
  • Dependência Química

Quando por determinação médica, e também como uma medida judicial de proteção, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, todo menor que represente uma ameaça para si mesmo e para terceiros deve ser imediatamente internado (art. 101, inc. V e VI, ECA).

A inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos é também medida aplicável aos pais (art. 129, inc. II e 136, inc. II, ECA). É um direito assegurado pela constituição!

  Para mais informações, acesse o artigo: Internação compulsória para tratamento de alcoólatras e dependentes químicos de autoria do promotor Raul de Mello Franco Júnior.

 Uma substância pode ser prescrita por um médico para o tratamento de uma doença física ou condição psicológica. O uso é então interrompido quando a condição aguda melhora. A substância prescrita pode ser tomada por longos períodos de tempo se a condição a ser tratada é de natureza crônica. Esse padrão de utilização pode, ou não pode ser problemático, dependendo da capacidade do paciente de interromper a medicação, uma vez que já não é medicamente justificada. Padrões de consumo problemático deste tipo são conhecidos como as dependências de baixa dosagem (baixa dependência).

Alguns médicos, ao prescreverem substâncias psicoativas, subestimam as qualidades das substâncias viciantes que estão sendo prescritas. Isso pode ser especialmente problemático quando o paciente tem uma predisposição genética a dependência. Apesar de confiar na formação e experiência do profissional médico, quando falamos de psicotrópicos ou substâncias psicoativas, nem sempre poderemos assumir que o médico sabe o que é melhor nestas circunstâncias.

Quando o início do uso da substância é experimental, a substância é usada inicialmente por curiosidade ou pelo seu efeito sobre o humor. A pessoa que experimenta a substância avalia os seus efeitos. Se a substância não é considerada agradável ou os efeitos não são benéficos, conforme a expectativa do experimentador, o uso/continuidade da substância é susceptível de ser interrompido. No entanto, se o efeito experimentado é considerado gratificante, o uso pode ser continuado, evoluindo de uso experimental ao uso recreacional.

A decisão de interromper ou continuar usando a substância é baseado em uma variedade de fatores psicológicos, sociais, fisiológicos e, talvez, os fatores espirituais, tais como crenças anteriores ou falta de compreensão sobre o perigo das drogas ou ainda, experiências passadas com uso de outras substâncias.

Os problemáticos seriam "os outros"?

O uso experimental não é considerado problemático. 
Um estudo do governo americano sobre o uso de drogas por adolescente, realizada há muitos anos, mostrou que a grande maioria dos adolescentes terá pelo menos uma experiência com algum tipo de substância que altera o humor em algum momento durante a sua adolescência. Na verdade o uso experimental de substâncias que alteram o humor é uma espécie de rito de passagem para adolescentes.

Durante o Império, no Brasil, fumar passou a ser um rito de passagem: significava a passagem do adolescente para a idade adulta. Fumar na presença de adultos significava ser aceito como um deles; significa ainda, de certa forma.

A grande surpresa:

O estudo indicou ainda que a pequena minoria de adolescentes que não experimentaram substâncias psicoativas, como um todo, tiveram mais problemas psicológicos, em idade adulta, do que aqueles que haviam experimentado.

Esta é, obviamente, uma conclusão controversa que pode ter refletido um determinado período de tempo...

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