quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Para 2º ano

Trabalho extra light de cultura pop - Relacione o episódio de Todo mundo odeia o Chris (Everybody hates Chris): Todo mundo odeia o inspetor (Everybody hates hall monitors) com o texto abaixo. Quero um argumento (ver post do 1º ano abaixo).

Aqui tem um só trecho. Tem pra assistir na Record, na Sony, em locadora e pra baixar. Eu só tô indicando o lugar, não hospedo nada:

http://elielcomsries.blogspot.com/2009/03/todo-mundo-odeia-o-chris.html, http://marcadapantera.blogspot.com/2009/01/todo-mundo-odeia-o-chris-2-temporada.html
e outros.



MICHEL FOUCAULT VIGIAR E PUNIR

CAPÍTULO II OS RECURSOS PARA O BOM ADESTRAMENTO

Walhausen, bem no início do século XVII, falava da "correta disciplina", como uma arte do "bom adestramento".

O poder disciplinar é com efeito um poder que, em vez de se apropriar e de retirar, tem como função maior "adestrar"; ou sem dúvida adestrar para retirar e se apropriar ainda mais e melhor. Ele não amarra as forças para reduzi-las; procura ligá-las para multiplicá-las e utilizá-las num todo. Em vez de dobrar uniformemente e por massa tudo o que lhe está submetido, separa, analisa, diferencia, leva seus processos de decomposição até às singularidades necessárias e suficientes.

(...) A disciplina "fabrica" indivíduos; ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício. Não é um poder triunfante que, a partir de seu próprio excesso, pode-se fiar em seu superpoderio; é um poder modesto, desconfiado, que funciona a modo de uma economia calculada, mas permanente.

(...) O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame.

A VIGILÂNCIA HIERÁRQUICA

O exercício da disciplina supõe um dispositivo que obrigue pelo jogo do olhar; um aparelho onde as técnicas que permitem ver induzam a efeitos de poder, e onde, em troca, os meios de coerção tornem claramente visíveis aqueles sobre quem se aplicam.

(...) Esses "observatórios" têm um modelo quase ideal: o acampamento militar. É a cidade apressada e artificial, que se constrói e remodela quase à vontade; é o ápice de um poder que deve ter ainda mais intensidade, mas também mais discrição, por se exercer sobre homens de armas. No acampamento perfeito, todo o poder seria exercido somente pelo jogo de uma vigilância exata; e cada olhar seria uma peça no funcionamento global do poder. (...) Define-se exatamente a geometria das aléias, o número e a distribuição das tendas, a orientação de suas entradas, a disposição das filas e das colunas; desenha-se a rede dos olhares que se controlam uns aos outros: (...)

O acampamento é o diagrama de um poder que age pelo efeito de uma visibilidade geral. Durante muito tempo encontraremos no urbanismo, na construção das cidades operárias, dos hospitais, dos asilos, das prisões, das casas de educação, esse modelo do acampamento ou pelo menos o princípio que o sustenta: o encaixamento espacial das vigilâncias hierarquizadas. Princípio do "encastramento". (...)

Toda uma problemática se desenvolve então: a de uma arquitetura que não é mais feita simplesmente para ser vista (fausto dos palácios), ou para vigiar o espaço exterior (geometria das fortalezas), mas para permitir um controle interior, articulado e detalhado - para tornar visíveis os que nela se encontram; mais geralmente, a de uma arquitetura que seria um operador para a transformação dos indivíduos: agir sobre aquele que abriga, dar domínio sobre seu comportamento, reconduzir até eles os efeitos do poder, oferecê-los a um conhecimento, modificá-los. As pedras podem tornar dócil e conhecível. O velho esquema simples do encarceramento e do fechamento - do muro espesso, da porta sólida que impedem de entrar ou de sair - começa a ser substituído pelo cálculo das aberturas, dos cheios e dos vazios, das passagens e das transparências. (...)

Como a escola-edifício deve ser um operador de adestramento. (...) Adestrar corpos vigorosos, imperativo de saúde; obter oficiais competentes, imperativo de qualificação; formar militares obedientes, imperativo político; prevenir a devassidão e a homossexualidade, imperativo de moralidade. Quádrupla razão para estabelecer separações estanques entre os indivíduos, mas também aberturas para observação contínua.

______________________________________

Michel Foucault, filósofo e historiador francês (Poitiers, 1926 - Paris, 1984). A crítica ao controle social e psicológico exercido pelos detentores do poder sobre os indivíduos constitui a essência de sua obra. Ficou famoso ao publicar História da Loucura (1961), em que trata do preconceito da sociedade em relação aos doentes mentais. Em Vigiar e Punir, apontou as escolas, hospitais e prisões como exemplos de instituições que, segundo ele, foram criadas para perpetuar a coerção sobre os indivíduos.
http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,FVB-730,00.html

Um comentário:

Anônimo disse...

-Recursos para um bom adestramento
A disciplina adestra os índividuos.Ela os separa, os diferencia os analisa, para ter o melhor do individuo.

-Vigilancia hierárquica
A vigilancia hierárquica tem o poder que age pelo efeito de uma visibilidade geral.Esse poder é uma estratégia que são atribuídas a manobras, táticas e técnicas.

alessandra ferreira 2ºC