Destak, 17/10/2008
Policiais civis em greve entraram ontem em confronto com PMs, após tentarem furar um bloqueio montado para impedir que manifestantes avançassem até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no Morumbi, na zona sul. Por cerca de meia hora, ruas do bairro, a 500 metros de onde o governador José Serra despachava, se transformaram em um cenário de guerra, com disparos de bombas de gás lacrimogêneo, tiros de balas de borracha e corre-corre.O tumulto, no dia em que a greve da categoria completou um mês, deixou ao menos 24 feridos, entre policiais civis e militares e jornalistas que acompanhavam o ato.
Manifestantes e PMs foram baleados, entre eles um coronel que participava das negociações em nome do governo do Estado.O conflito começou por volta das 16h, depois que grevistas furaram dois bloqueios feitos por PMs na rua Padre Lebret, próxima ao Palácio.Os grevistas, porém, não conseguiram avançar sobre outros dois bloqueios, da tropa de choque e da cavalaria.
Do lado do governo, a justificativa para os bloqueios foi a de que uma resolução considera a região como área de segurança, o que impede a realização de protestos como os de ontem.Depois do confronto, o clima seguiu tenso na região até a noite.Parte dos manifestantes se mantiveram junto aos bloqueios da PM. Depois do embate, a Associação dos Delegados chegou a divulgar que policiais que estavam em delegacias e seccionais estavam deixando o trabalho para também seguir para o local do confronto. Serra classificou a notícia como falsa.l
Serra culpa centrais sindicais e oposição
O governador José Serra (PSDB) responsabilizou ontem as centrais sindicais e os partidos de oposição pela greve e pelo conflito entre os policiais civis e militares.Segundo ele, as manifestações têm objetivos político-eleitorais e o envolvimento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, e da Força Sindical, ligada ao PDT. O governador também criticou o uso de armas pelos policiais no protesto e desqualificou o movimento, que só teria a adesão de 1.000 dos 30 mil policiais civis do Estado. “É um movimento armado absolutamente ilegal”, afirmou Serra.
Entidades dizem que não começaram conflito
As entidades que representam os policiais civis negam responsabilidade pelo conflito. Segundo o presidente do Sindicato dos Investigadores, João Batista Rebouças Neto, o confronto começou quando uma comissão dos grevistas tentava avançar para negociar no Palácio do Bandeirantes. Rebouças sustenta que os policiais reivindicam condições de trabalho para atender melhor a população. Para André Damer, diretor da Associação dos Delegados, o governo quer “ver o circo pegar fogo”. Representantes de partidos acusados pelo governador José Serra de responsabilidade pelo conflito também rebateram as acusações. O líder do PT na Assembléia Legislativa, Roberto Felício, disse que, se o governador tivesse negociado com os grevistas, o “lamentável conflito” não teria ocorrido.
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