Texto do Conteudo Livre (continuo com o teclado sem acento). Nao concordo com o ultimo paragrafo, mas td bem.
Marley & Eu por ZECA BALEIRO
Há 30 anos, morria Bob Marley, o maior ícone de uma música de cadência leve, dançante e mântrica, ornada por fumaça e versos de boa cepa
Quando Robert Nesta Marley nasceu, sob o signo zodiacal de Aquário, a 6 de fevereiro de 1945, nem dona Cedella, negra da pequena Nine Miles, cidadezinha do interior da Jamaica, nem o senhor Norval, militar branco de sangue inglês, poderiam imaginar que aquele menino faria parte de uma seleta galeria de gênios musicais que mudariam o mundo –alguns dos quais também se chamavam Robert.
Febril como Mr. Plant, rebelde como Mr. Johnson, messiânico como Mr. Zimmerman e ultramusical como Mr. McFerrin, o garoto Bob não só seria um dos maiores artistas do século 20 como ainda espalharia pelos quatro cantos do mundo o reggae e a filosofia rastafári, anunciadores de uma nova era para a nação africana dispersa pelo mundo.
Foi no Maranhão dos anos 70, dominado por forças políticas obscuras –triste história feudal que perdura até os dias de hoje–, que ouvi pela primeira vez sua música e quedei-me entorpecido. Mal sabíamos o que dizia aquele inglês cheio de sotaque, mas a mágica e o calor de sua voz, o baixo gravíssimo fazendo o coração acelerar, as melodias que ecoavam no oco mais fundo da alma, aquilo tudo era como um grito de guerra, algo que nos enchia de entusiasmo e vontade de viver.
Groove afiado
Bob Marley tornou-se o ícone de uma saborosa música de cadência leve, dançante e mântrica, grito contra as injustiças do mundo cruel. Aliados ao som contagiante e versos de boa cepa, havia os preceitos de uma vida natural tornada por anéis de fumaça de marijuana e mergulho espiritual.
De Nine Miles para Trench Town, a célebre favela de Kingston. Foi lá que o jovem Bob começou a fazer um som com os amigos Bunny Livingstone e Peter McIntosh, influenciado pelos ídolos negros do rock, do soul e do rhythm’n’blues que ouvia no rádio e pelo ska, ritmo em alta na Jamaica dos anos 60. Assim nasceriam "The Wailing Wailers", que depois se tornariam os legendários "The Wailers", cuja excelência moldaria pérolas do gênero.
Para o êxito do grupo muito contribuiu a parceria com o gênio produtor Lee Perry. "Catch a Fire", o primeiro álbum internacional da trupe rasta, anunciava um novo som, um reggae de groove afiado, riffs mortais e letras combativas, e fez grande barulho na mídia.
A gravação de "I Shot the Sheriff" pelo deus branco da guitarra Eric Clapton, que em 1974 esteve no topo das paradas musicais americanas, fez o mundo ajoelhar-se aos pés deste jamaicano mestiço apaixonado por música e futebol. Até maio de 1981, há exatos 30 anos, quando morreu vitimado por um câncer aos 36 anos, Marley produziu canções e discos que se tornariam universais.
Meses atrás fui presenteado com a audição da sessão aberta de "Is This Love", ou seja, pude ouvir, canal por canal, todos os instrumentos tocados na gravação original da música (febre destes tempos tecnológicos e piratas, rolam por aí sessões de Beatles, Led Zeppelin etc). Ouvidos isoladamente, cada instrumento parecia meio desafinado, algo precário –guitarra, vocais, metais, baixo...
Mas, ao ouvirmos tudo junto, dava-se então o milagre. A música soava bela, fluente, íntegra, como se ninguém a houvesse feito, como se ela estivesse ali desde que o mundo foi criado, como se fosse obra de Deus. Obra do deus Robert Nesta Marley.
Quando Robert Nesta Marley nasceu, sob o signo zodiacal de Aquário, a 6 de fevereiro de 1945, nem dona Cedella, negra da pequena Nine Miles, cidadezinha do interior da Jamaica, nem o senhor Norval, militar branco de sangue inglês, poderiam imaginar que aquele menino faria parte de uma seleta galeria de gênios musicais que mudariam o mundo –alguns dos quais também se chamavam Robert.
Febril como Mr. Plant, rebelde como Mr. Johnson, messiânico como Mr. Zimmerman e ultramusical como Mr. McFerrin, o garoto Bob não só seria um dos maiores artistas do século 20 como ainda espalharia pelos quatro cantos do mundo o reggae e a filosofia rastafári, anunciadores de uma nova era para a nação africana dispersa pelo mundo.
Foi no Maranhão dos anos 70, dominado por forças políticas obscuras –triste história feudal que perdura até os dias de hoje–, que ouvi pela primeira vez sua música e quedei-me entorpecido. Mal sabíamos o que dizia aquele inglês cheio de sotaque, mas a mágica e o calor de sua voz, o baixo gravíssimo fazendo o coração acelerar, as melodias que ecoavam no oco mais fundo da alma, aquilo tudo era como um grito de guerra, algo que nos enchia de entusiasmo e vontade de viver.
Groove afiado
Bob Marley tornou-se o ícone de uma saborosa música de cadência leve, dançante e mântrica, grito contra as injustiças do mundo cruel. Aliados ao som contagiante e versos de boa cepa, havia os preceitos de uma vida natural tornada por anéis de fumaça de marijuana e mergulho espiritual.
De Nine Miles para Trench Town, a célebre favela de Kingston. Foi lá que o jovem Bob começou a fazer um som com os amigos Bunny Livingstone e Peter McIntosh, influenciado pelos ídolos negros do rock, do soul e do rhythm’n’blues que ouvia no rádio e pelo ska, ritmo em alta na Jamaica dos anos 60. Assim nasceriam "The Wailing Wailers", que depois se tornariam os legendários "The Wailers", cuja excelência moldaria pérolas do gênero.
Para o êxito do grupo muito contribuiu a parceria com o gênio produtor Lee Perry. "Catch a Fire", o primeiro álbum internacional da trupe rasta, anunciava um novo som, um reggae de groove afiado, riffs mortais e letras combativas, e fez grande barulho na mídia.
A gravação de "I Shot the Sheriff" pelo deus branco da guitarra Eric Clapton, que em 1974 esteve no topo das paradas musicais americanas, fez o mundo ajoelhar-se aos pés deste jamaicano mestiço apaixonado por música e futebol. Até maio de 1981, há exatos 30 anos, quando morreu vitimado por um câncer aos 36 anos, Marley produziu canções e discos que se tornariam universais.
Meses atrás fui presenteado com a audição da sessão aberta de "Is This Love", ou seja, pude ouvir, canal por canal, todos os instrumentos tocados na gravação original da música (febre destes tempos tecnológicos e piratas, rolam por aí sessões de Beatles, Led Zeppelin etc). Ouvidos isoladamente, cada instrumento parecia meio desafinado, algo precário –guitarra, vocais, metais, baixo...
Mas, ao ouvirmos tudo junto, dava-se então o milagre. A música soava bela, fluente, íntegra, como se ninguém a houvesse feito, como se ela estivesse ali desde que o mundo foi criado, como se fosse obra de Deus. Obra do deus Robert Nesta Marley.